O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, reuniu-se na tarde desta sexta-feira, 29, com o vice-presidente Michel Temer e na saída disse que “em momento nenhum foi cogitada a extinção do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio”. Há informações de que a área que envolve o comércio exterior relativa ao MDIC faria parte do Ministério das Relações Exteriores, que seria comandado pelo senador José Serra (PSDB-SP) num eventual governo Temer.
“O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio tem importância bastante grande e é natural que haja por parte do vice-presidente uma preocupação em rever e reavaliar tudo”, disse Skaf. Ele citou que o ministério é abrangente e “está se fazendo uma avaliação a exemplo de todos os ministérios.”
Sobre a reunião com Temer, o presidente da Fiesp não deu detalhes sobre os temas tratados por pouco mais de duas horas. “Trocamos ideias sobre a situação do Brasil”, comentou. “Conversamos sobre generalidades.”
“O vice-presidente está muito cauteloso, no sentido de aguardar com muito respeito a decisão final do Senado Federal. Sempre com muita cautela, ele repete isso. Vamos aguardar”, ponderou Skaf.
O presidente da Fiesp negou que Temer esteja interessado em disputar as eleições presidenciais de 2018. “Eu quero dizer a vocês que em momento nenhum o vice-presidente fala em reeleição. A preocupação única dele neste momento é encontrar caminhos para a nação brasileira, caminhos para essa situação de crise econômica, crise política, e não está pensando nada de reeleição”, disse. “Agora, conversar, trocar ideias, ouvir, é o que ele tem feito e é muito natural e muito bom que ele faça.”
Ajuste fiscal
Skaf afirmou ainda que o ajuste fiscal no Brasil é necessário, mas deve ser feito com redução de despesas e não com alta de tributos. “E eu já deixei claro a minha posição sobre a CPMF ou qualquer aumento de impostos”, disse. “É natural que quando o governo dá um bom exemplo, reduz os gastos, seus desperdícios, recupera a confiança, cria condições para reduzir os juros, o que mais uma vez reduz despesas”, destacou.
“É lógico que é muito cômodo, você chegar, entrar e falar: vamos aumentar impostos”, disse Skaf. “Só que a economia não permite, o estado das empresas não permite, a sociedade não aceita mais. Então, não há essa condição.”
O presidente da Fiesp disse que conhece vários analistas que avaliaram ser possível o governo reduzir despesas. “No Orçamento de 2016, tem um déficit primário. E há possibilidade, sim, de redução de despesas e que haja um equilíbrio. E você não pode esquecer que o repatriamento de recursos, com um novo governo assumindo e restabelecendo confiança, há uma possibilidade de um valor significativo e um aumento de receitas, sem aumento de impostos.”
Segundo Skaf, o retorno da credibilidade na gestão da economia pelo eventual novo governo pode permitir a redução dos juros, o que pode gerar uma redução significativa do déficit nominal, algo que também não depende de elevação de tributos.
“Com a reversão desse crescimento negativo, de menos 4% (em 2016), no momento que você tem um crescimento positivo, cada ponto que cresce o PIB cresce 1,5 (ponto porcentual) a arrecadação”, disse o presidente da Fiesp.
Skaf também apontou que devido às condições fracas do nível de atividade, o governo também deve economizar recursos neste ano com investimentos públicos.
Perguntado se deixaria de apoiar o governo Temer caso subisse impostos para ajudar no ajuste fiscal, Skaf respondeu: “Eu não apoiarei aumento de impostos em hipótese nenhuma.” Ele também afastou a possibilidade de fazer parte do ministério de Michel Temer. “Não. Eu tenho compromisso onde eu estou e não há essa possibilidade.”