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Em nova decisão, Justiça suspende festa de Lucas no Cecap neste final de semana

Tribunal de Justiça determina paralisação das obras e proíbe realização do evento previsto para 5 a 8 de dezembro. Relator cita risco ambiental, falta de licenças e proximidade com o Hospital Geral de Guarulhos.

A 1ª Câmara Reservada ao Meio Ambiente do Tribunal de Justiça de São Paulo suspendeu, em nova decisão, a festa de aniversário de Guarulhos que seria realizada no Parque Cecap entre os dias 5 e 8 de dezembro de 2025. A medida atinge diretamente a gestão do prefeito Lucas Sanches e impede tanto a continuidade das obras no terreno quanto qualquer evento no local, até o julgamento final do recurso.

A decisão, assinada pelo desembargador Souza Meirelles, concede tutela antecipada parcial e aponta uma série de irregularidades ambientais, urbanísticas e de segurança que tornam o espaço “ambientalmente impraticável” para receber público estimado em 70 mil pessoas.

Obras paralisadas e festa proibida

O despacho determina:

  • Suspensão de todas as obras de terraplenagem, nivelamento de solo e intervenções no local;

  • Proibição da realização da festa de aniversário de Guarulhos no Cecap;

  • Multa de R$ 500 mil por dia caso o evento ocorra;

  • Multa de R$ 100 mil por dia caso as obras continuem.

As penalidades valem imediatamente após a publicação da decisão.

Riscos ambientais e ausência de estudos

O Tribunal cita uma lista de irregularidades levantadas na ação popular ambiental, entre elas:

  • Ausência de licenciamento adequado;

  • Falta de projeto de terraplenagem e reaproveitamento de solo;

  • Supressão irregular de vegetação;

  • Indícios de soterramento de nascente;

  • Incompatibilidade com o zoneamento local;

  • Falta de Estudo de Impacto de Vizinhança;

  • Movimentação de terra em área geologicamente instável;

  • Risco de erosão e instabilidade do terreno para comportar grande público.

Para o relator, permitir o evento sem comprovação de segurança seria “contrário à sensatez e ao espírito humanitário”, considerando inclusive a proximidade — menos de 500 metros — do Hospital Geral de Guarulhos, área normalmente classificada como “zona de silêncio”.

TJ critica ausência de enfrentamento da prefeitura

O desembargador observou que a decisão inicial de 1ª instância “não enfrentou questão de evidente relevância”, especialmente sobre o impacto sonoro e os riscos à população atendida pelo HGG. Para o magistrado, valores coletivos como meio ambiente, saúde e segurança devem prevalecer sobre interesses administrativos.

Ele também afirma que não há impedimento para a realização da festa, desde que seja em outro local:

“Em absoluto não cogita o Sistema de Justiça proibi-la, mas […] afigura-se ambientalmente impraticável a realização do evento no local escolhido pela governança municipal.”

Ação segue em análise; MP será acionado

O processo agora segue para manifestação do Ministério Público, que deverá atuar no caso por envolver interesses difusos e proteção ao patrimônio ambiental. A decisão vale até o julgamento do agravo pelo colegiado.

Impacto político e operacional

A suspensão adiciona pressão sobre a gestão de Lucas Sanches, que planejava centralizar no Cecap a principal festa do aniversário da cidade. Agora, a administração precisa decidir entre:

  • Buscar outro local;

  • Tentar reverter a decisão (o que, segundo o despacho, exige comprovações técnicas que não foram apresentadas);

  • Cancelar a programação deste ano.

Até o momento, não há manifestação oficial da Prefeitura.