Numa campanha absolutamente perfeita nos Jogos Pan-americanos de Toronto, sem nenhuma derrota para rivais de outros países, o tênis de mesa brasileiro já sabia que ganharia ouro, prata e bronze na disputa masculina de simples. Só faltava decidir quem seria o campeão e quem se garantiria na Olimpíada. Em confronto entre amigos neste sábado, deu Hugo Calderano contra Gustavo Tsbuoi, por 4 sets a 3: (6/11, 11/6, 11/4, 7/11, 13/11, 9/11 e 11/2).
Com o resultado, o Brasil quebrou um jejum de 20 anos de ouro no individual do tênis de mesa do Pan, voltando a um lugar que desde Hugo Hoyama, em 1995, ninguém frequentava. Outro tabu que foi quebrado é que pela primeira vez desde então um atleta que não é chinês naturalizado vence na modalidade. “Isso me faz sentir mais feliz ainda. Foram dois ouros em meu primeiro Pan e a sensação é incrível”, comemorou Calderano, que também ajudou o Brasil a vencer por equipes.
O ouro obtido pelo garoto carioca de 19 anos garante que, no Rio, em casa, ele vai disputar sua primeira Olimpíada. Afinal, cada país tem direito a até dois atletas na disputa de simples no Rio-2016. Ao vencer o Pan, Calderano assegurou uma dessas credenciais antecipadamente. A outra agora será disputada por Tsuboi, Thiago Monteiro e Cazuo Matsumoto. Dos dois que sobrarem, um deverá ser convocado para jogar o Pan só por equipes.
“Não tenho palavras para descrever a sensação”, afirmou Calderano, após vencer Tsuboi. O bronze ficou com Thiago Monteiro, que caiu na semifinal. Assim, pela primeira vez o Brasil teve ouro, prata e bronze no individual. No feminino, Lin Gui foi prata e Caroline Kumahara foi bronze. Nunca uma brasileira havia subido ao pódio em simples.
Após o último dia de competição, o Brasil encerrou sua participação no tênis de mesa com a melhor campanha da história nos Jogos Pan-Americanos. Após ter conquistado um ouro por equipes no masculino e uma prata no feminino, a seleção brilhou no individual e conquistou mais cinco medalhas em Toronto.
Antes, a melhor campanha havia sido no Pan de 1991, em Havana, quando ainda existiam as competições por duplas, ou seja, mais medalhas eram distribuídas. Em Cuba, foram três medalhas de ouro, uma de prata e duas de bronze.
No duelo entre amigos de seleção na final do individual masculino, Calderano levou a melhor. No primeiro set, ele não deu chances e venceu por 11 a 6, mas tomou o troco pelo mesmo placar no set seguinte. No terceiro, Tsuboi brilhou e fez 11 a 4, mas Calderano empatou a partida ao vencer por 11 a 7. No quinto, Tsuboi abriu uma vantagem confortável, mas o adversário foi buscar e fez 13 a 11.
Depois, Tsuboi fez 11 a 9 e levou a partida para o set decisivo, que foi vencido por Calderano por 11 a 2. “A gente já tinha se enfrentado muitas vezes, com vitórias para os dois lados. Sabia que seria difícil, mas consegui ficar focado e venci. Estou muito feliz”, completou o garoto, responsável pelos maiores feitos da história do tênis de mesa brasileiro em nível internacional. E isso inclui a única final de evento de alto escalão do Circuito Mundial, em duplas, exatamente com Tsuboi, em fevereiro deste ano.