O debate realizado no fim da noite de domingo entre candidatos à Prefeitura da capital gaúcha teve espaço para tratar de temas da pauta nacional, que surgiram ao longo de todo o encontro em meio a discussões sobre temas locais.
Participaram do encontro, organizado pela Rede Record, cinco dos nove candidatos. Além do atual vice-prefeito Sebastião Melo (PMDB), participaram o ex-prefeito Raul Pont (PT), o deputado federal Nelson Marchezan Junior (PSDB) e o deputado estadual Maurício Dziedricki (PTB). Eles foram escolhidos pelo critério de representatividade dos partidos na Câmara dos Deputados. Já a ex-deputada federal Luciana Genro (Psol) foi convidada por um critério jornalístico, pois está bem colocada nas pesquisas de intenção de votos.
Luciana e Pont foram responsáveis por introduzir a pauta nacional no debate municipal. A discussão mais acalorada da noite ocorreu ainda no primeiro bloco, quando a candidata do Psol afirmou que um governo de Marchezan traria “muita corrupção” a Porto Alegre. “Tu és do PSDB e tens um vice do PP. Ambos os partidos estão na Lava Jato”, disse.
O tucano respondeu que não tem “corrupto de estimação” e acrescentou que preferia falar sobre a cidade de Porto Alegre. “Não é porque uma pessoa se filia a um partido que ela é honesta, e não é porque se filia a outro que é desonesta”, disse.
A discussão acabou se estendendo até a rodada seguinte, quando ambos os candidatos trouxeram o tema novamente à tona. “Pessoas boas existem em todos partidos. Corruptos existem em todos partidos. Eu escolho bem meus aliados”, disparou Marchezan. “O Psol não tem corruptos e não está envolvido na Lava Jato”, rebateu Luciana.
Já na segunda metade do debate, quando perguntava para Melo, Luciana criticou a Medida Provisória que reformula o ensino médio. Em sua resposta, o peemedebista disse que é contrário à decisão do governo federal de recorrer a uma MP para tratar de um assunto de tamanha envergadura. “Acho que houve um equívoco do governo. Este tema deveria ser tratado amplamente no Congresso”, avaliou.
Na sequência, Pont – que perguntava para Dziedricki – afirmou que Marchezan, que é deputado federal, votou a favor da admissibilidade da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 241, que impõe um teto ao crescimento dos gastos públicos. Segundo o petista, se a proposta for adiante no Congresso irá representar “um desastre” para os municípios, pois, segundo ele, reduziria o repasse de recursos para as prefeituras. O petista afirmou ainda que esta PEC 241 é a prova “do golpe parlamentar que foi dado” no País.
Dziedricki disse que é importante fazer uma cobrança para que a PEC não passe. Mas salientou que também seria necessário trabalhar para que Porto Alegre gere receitas próprias, “porque os recursos federais e estaduais já não estão vindo”.
O próximo e último debate na televisão em Porto Alegre acontecerá na quinta-feira, 29. Uma pesquisa Ibope divulgada na sexta-feira, 23, apontou Sebastião Melo (PMDB) na liderança da corrida eleitoral na capital gaúcha. Ele apareceu com 29% das intenções de voto, seguido Raul Pont (PT) e Nelson Marchezan Junior (PSDB), com, 17%, e Luciana Genro (Psol), com 12%. Como a margem de erro é de três pontos porcentuais, para mais e para menos, os três estão tecnicamente empatados.
Na sequência estão Maurício Dziedricki (PTB), com 7%, e Marcello Chiodo (PV), Júlio Flores (PSTU) e Fábio Ostermann (PSL), com 1% cada um. João Carlos Rodrigues (PMN) não pontuou. Ainda de acordo com o levantamento, os eleitores que declararam a intenção de votar em branco ou de anular o voto são 11%, e os que não sabem ou não responderam, 4%. (Gabriela Lara, correspondente)