O prefeito eleito de Porto Alegre, Sebastião Melo (MDB), tomou posse do cargo nesta sexta-feira, 1º de janeiro, acompanhado pelo vice eleito, Ricardo Gomes (DEM). Além deles, também foram empossados os 36 vereadores eleitos em novembro.
A cerimônia, realizada na Câmara Municipal, foi restrita a autoridades. Melo assume a cidade em meio ao crescimento de casos de coronavírus, com 86,52% dos leitos de UTI ocupados.
Mesmo assim, o novo prefeito tem deixado bastante claro que não pretende aumentar as restrições para funcionamento do comércio. Ao contrário, ele até acena para mais flexibilização.
"Vamos enfrentar a questão da covid com responsabilidade, mas vamos equilibrar a saúde com a economia e a economia com a saúde, para que a cidade não quebre", disse Melo em seu discurso de posse.
Ao longo da campanha, o prefeito eleito sempre defendeu a reabertura do comércio. Mais tarde, em uma entrevista durante a transmissão de posse, afirmou que irá emitir um novo decreto, já na segunda-feira, 4, para reduzir as restrições feitas ao comércio. "Naquilo que for mais restritivo em Porto Alegre, vou elevar para emparelhar com o Estado."
Um dos filhos do prefeito, Pablo Melo, não pôde estar na cerimônia porque foi diagnosticado com covid-19. Ele foi empossado virtualmente na Câmara de Vereadores. Ele era suplente, mas com a ida de Cezar Schimrer para compor o secretariado de Melo, acabou ganhando a vaga.
Conhecido como um político de perfil centrista, Melo se aproximou da extrema direita na última eleição, especialmente de apoiadores de Jair Bolsonaro. Em sua posse, ele teve uma postura muito cautelosa em relação ao Governo Federal quando falou sobre a vacina. "Vamos trabalhar pela vacina. Acredito que o Governo Federal vai colocar a vacina à disposição da população. Mas, se o governo federal não der sinais claros, vamos fazer um consórcio metropolitano e comprar a vacina."
Antes de tomar posse, Melo já conseguiu mostrar força no Legislativo, com a votação da Mesa Diretora. Com amplo apoio entre os partidos representados na Câmara, o governo conseguiu deixar o bloco de oposição, formado por PT, PSOL e PCdoB, sem nenhum cargo na Mesa.
A dificuldade de articulação com os vereadores foi uma das marcas do início da gestão de Nelson Marchezan Júnior (PSDB), prefeito que antecedeu Melo. Enquanto o ex-prefeito era conhecido pelo perfil belicoso, Melo costuma ter um bom trânsito entre os partidos. A intenção de ter uma relação mais harmoniosa com os vereadores foi falada em alguns momentos do discurso. "Serei um prefeito que respeita profundamente as diferenças e que sabe lidar com elas. A gente pode enxergar diferente a maneira de chegar à solução."
Melo deixou claro que adotará uma política liberal. Falou em desburocratização e liberdade econômica. O próprio prefeito fez referência ao seu vice, Ricardo Gomes, político que sempre defendeu a redução da máquina pública e que tem tido grande influência nas políticas defendidas por Melo.
Seguindo nessa linha, o novo prefeito de Porto Alegre se comprometeu a não aumentar impostos. "Não vamos aumentar imposto, senhores vereadores que esta casa não aportará nenhum aumento de impostos nos próximos quatro anos", afirmou, garantindo também que tentará reduzir o ICMS.
Advogado de formação, Sebastião Melo construiu toda sua carreira política no MDB. Foi vereador e vice-prefeito de Porto Alegre durante a gestão de José Fortunati.