Após ensaiar um alta mais forte pela manhã, quando se aproximou do teto de R$ 4,95 na máxima (R$ 4,9425), o dólar à vista perdeu fôlego à tarde e encerrou a sessão desta segunda-feira, 13, em baixa de 0,14%, cotado a R$ 4,9078. Na mínima, a moeda desceu até R$ 4,9062. Operadores ressaltam que a liquidez foi bem reduzida, o que revela pouca disposição dos investidores por apostas mais contundentes. Principal termômetro do apetite por negócios, o contrato de dólar futuro movimentou menos de US$ 9 bilhões.
Com agenda doméstica esvaziada e sem definições no front fiscal, a formação da taxa de câmbio no mercado local foi muito influenciada pelo ambiente externo. O escorregão do real pela manhã se deu em meio à valorização global da moeda norte americana ao avanço das taxas dos Treasuries, ainda em resposta ao rebaixamento, na sexta-feira à noite, da perspectiva do rating AAA dos Estados Unidos, de estável para negativa, pela Moody s. Além disso, há riscos associados à chamada disfuncionalidade da política americana. A Câmara dos Representantes dos EUA precisa votar até sexta-feira, 17, uma proposta para evitar paralisação parcial do governo (shutdown).
No início da tarde, o estresse já havia diminuído. Referência do comportamento da moeda americana frente a seis divisas fortes, o índice DXY virou para o campo negativo, com perdas do dólar em relação ao euro e a libra. As taxas dos Treasuries também trocaram de sinal e passaram a recuar. A maioria das divisas de exportadores de commodities se fortaleceu, em dia de valorização do minério de ferro e alta de mais 1% das cotações internacionais do petróleo. O peso chileno foi uma das raras exceções, com perdas de mais de 1%, diante da expectativa de uma postura mais branda do Banco Central do Chile, dada a desaceleração inflacionária recente.
É grande a expectativa para leituras de inflação nos EUA que saem esta semana, dado que dirigentes do Federal Reserve, incluindo o chairman Jerome Powell, adotaram um tom mais duro ao longo da semana passada, deixando aberta a porta para alta adicional da taxa de juros de referência nos EUA. Amanhã, 14, é divulgado o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) de outubro. Na quarta-feira, 15, é a vez do índice de preços ao produtor (PPI).
No Brasil, as atenções se voltam para a votação final da reforma tributária na Câmara dos Deputados, após aprovação com alterações no Senado. Especula-se também que pode haver mudança da meta de déficit zero para 2024 no projeto de Lei das Diretrizes Orçamentárias (LDO) nesta semana. A ala política do governo quer emplacar meta de déficit primário superior a 0,5% do PIB do ano que vem, com o objetivo de evitar contingenciamentos.