Estadão

Em pregão de liquidez reduzida, dólar cai 0,42% e fecha a R$ 5,1906

Após um início de tarde de instabilidade, em que chegou a operar pontualmente em terreno positivo, o dólar se firmou em baixa no mercado doméstico de câmbio nas últimas horas do pregão desta segunda-feira, 10. Esse movimento se deu em meio à desaceleração dos ganhos da moeda norte-americana frente a divisas fortes e ao aprofundamento das perdas em relação a emergentes pares do real. Com oscilação de apenas cerca de cinco centavos entre a mínima (R$ 5,1635) e a máxima (R$ 5,2170), o dólar fechou o dia cotado a R$ 5,1906, em queda de 0,42% – o que levou as perdas acumuladas em outubro a 3,78%. A liquidez foi bastante reduzida em razão do feriado norte-americano do Dia de Colombo, que manteve o mercado de Treasuries fechado.

No front político, não houve novidades capazes de exercer influência relevante na formação da taxa de câmbio. Passada a baixa de cerca de 20 centavos na semana passada, desencadeada pela redução da percepção e risco fiscal após o primeiro turno das eleições, investidores estão à espera de sinais mais claros sobre o desenho da política econômica em 2023, sobretudo por parte do ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT), líder nas pesquisas de intenção de voto para o Palácio do Planalto e mais votado no primeiro turno.

O banco Goldman Sachs ainda vê um prêmio de risco de cerca de 20% embutido na taxa de câmbio e afirma que o real provavelmente vai se beneficiar "de aumentos contínuos das taxas reais do país". Isso porque o Banco Central deve manter a taxa Selic elevada por período prolongado em meio a um processo de desinflação. Para o Goldman Sachs, o BC deve esperar até o fim do segundo trimestre, ou possivelmente o terceiro trimestre de 2023, para começar a reduzir a taxa básica.

Em relatório divulgado nesta segunda, o banco afirma que os ativos locais podem ter entrado em um "círculo virtuoso", uma vez que o resultado da eleição presidencial em primeiro turno e a nova composição do Congresso diminuem os temores de medidas heterodoxas na economia. O banco alerta, contudo, que o caminho para redução de prêmios de risco nos ativos locais será acidentado e marcado por volatilidade nas próximas semanas. Como principais entraves, figuram uma corrida presidencial cada vez mais competitiva e dúvidas se o resultado da votação será respeitado.

No exterior, o índice DXY – que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis divisas fortes – operou em alta durante a maior parte do dia, acima da linha dos 113,000 pontos. Euro e libra perdem força à medida que crescem as preocupações com recrudescimento no conflito na Ucrânia, na esteira de ataques russos à capital ucraniana, Kiev, em possível retaliação à destruição de parte de ponte que liga Rússia e Crimeia. Nem mesmo a intervenção do Banco da Inglaterra (BoE) no mercado de renda fixa, com compra de gilts, deu sustentação à libra.

Nos EUA, dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) voltaram a falar grosso nesta segunda-feira. Pela manhã, o presidente do Fed de Chicago, Charles Evans, ressaltou a necessidade de manter os juros nos EUA em patamar "suficientemente restritivo" por algum tempo. Mesmo ponderando que mantém contato com demais BCs no mundo sobre impacto da política do Fed, a vice-presidente do BC americano, Lael Brainard, disse à tarde que aumentos de juros até o final deste ano e no próximo são esperados – e que a política monetária será restritiva para garantir que a inflação volte à meta.

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