Na reunião que antecedeu a elevação de 1,00 ponto porcentual da Selic (a taxa básica de juros) na semana passada, 88% das instituições financeiras consultadas pelo Banco Central atribuíam um risco de alta no cenário central para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2021. Para o IPCA de 2022, 59% citavam risco de alta.
No encontro anterior do Comitê de Política Monetária (Copom), os porcentuais eram de 79% e 62%, respectivamente.
Na outra ponta, apenas 1% atribuiu risco de baixa para o IPCA em 2021 e 3%, em 2022. A mediana das projeções das instituições para o IPCA este ano é de 6,73% e para o próximo ano de 3,80%.
Os dados indicam um desequilíbrio no cenário de riscos para a inflação – algo que já vem sendo apontado pelo próprio BC em seu cenário base, com predominância para o risco inflacionário.
A agregação do questionário mostra ainda que, antes da decisão sobre a Selic, 79% das instituições consultadas esperavam por uma bandeira tarifária de energia vermelha 2 em dezembro de 2021 e somente 17% por uma bandeira vermelha 1.
<b>PIB</b>
A mediana das projeções das instituições para o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil no segundo trimestre de 2021, na margem, estava positiva em 0,2% antes do encontro do Copom do Banco Central. No caso de 2021, a mediana era positiva de ,3% e, para 2022, positiva de 2,1%.
<b>PIB no mundo</b>
O documento divulgado pelo BC também trouxe uma compilação das estimativas das instituições financeiras para o PIB nas principais economias globais. A projeção mediana para o PIB da China em 2021 é de +8,5%. Já o PIB projetado para os EUA é de +6,7% e para a zona do euro de +4,6%.
No caso de 2022, a projeção mediana para o PIB da China é de +5,6%. Já o PIB projetado para os EUA é de +4,2% e para a zona do euro de +4,3%.
Conforme o BC, 49% das instituições consideraram o ambiente externo "sem mudanças relevantes" para as economias emergentes desde o encontro anterior do Copom. Outros 37% consideraram "menos favorável" e 14% classificaram o ambiente como "mais favorável".
<b>Desemprego</b>
As instituições financeiras ouvidas pelo BC esperam que a taxa de desemprego no Brasil esteja em 13,3% no fim de 2021. O porcentual projetado diz respeito à taxa de desemprego medida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Já a projeção para o saldo do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério da Economia, é de geração de 2,000 milhões de postos de trabalho com carteira assinada este ano. Para o fim de 2022, as instituições projetam desemprego de 12,1%.
A agregação mostra ainda que as instituições projetam queda de 0,6% do rendimento habitual do trabalho e alta de 0,1% do rendimento efetivo do trabalho. Em ambos os casos, as instituições consideraram a média do ano.
<b>Taxa de juros real neutra</b>
A estimativa mediana das instituições financeiras para a taxa de juros real neutra no curto prazo no Brasil é de 3,0%. Para os intervalos de 3 anos e de 5 anos, a estimativa mediana também é de 3,0%.
As instituições projetam ainda uma taxa de crescimento de 1,8% para o PIB potencial no curto prazo, de 2,0% para o intervalo de 2 anos e de 2,0% para o intervalo de 5 anos.
<b>Setor fiscal</b>
As instituições do mercado financeiro projetam um déficit primário de R$ 177 bilhões para o Governo Central em 2021, conforme os dados agregados do questionário pré-Copom. No caso de 2022, a projeção é de déficit primário de R$ 118 bilhões. O Governo Central reúne Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central.
O valor de 2021 é inferior ao déficit projetado na reunião anterior do Copom, em junho, quando a expectativa de rombo primário estava em R$ 200 bilhões.
Pelos cálculos das instituições, as receitas líquidas totais somarão R$ 1,454 trilhão em 2021 e as despesas totais serão de R$ 1,630 trilhão. A Dívida Bruta do Governo Geral (DBGG) somará R$ 7,094 trilhões no ano e a Dívida Líquida do Setor Público (DLSP) chegará a R$ 5,236 trilhões.
No caso de 2022, conforme as instituições, as receitas líquidas totais somarão R$ 1,550 trilhão em 2021 e as despesas totais serão de R$ 1,658 trilhão. A DBGG somará R$ 7,677 trilhões no ano e a DLSP chegará a R$ 5,756 trilhões.
Os números, que foram divulgados pelo BC na manhã desta quarta-feira, fazem parte dos resultados quantitativos agregados do questionário pré-Copom. E serviram de base para que a instituição elevasse, na semana passada, a Selic de 4,25% para 5,25% ao ano.
Os dados agregados estão disponíveis em https://www.bcb.gov.br/controleinflacao/precopom.