Estadão

Em recuperação com NY, Bolsa fecha em alta de 0,81%

O Ibovespa conseguiu reverter quase integralmente as perdas do dia anterior e se reaproximar da marca de 124 mil pontos, do primeiro dia útil da semana, a segunda melhor registrada pelo índice em fechamento de sessão, abaixo apenas do recorde de 8 de janeiro, então aos 125 mil pontos. Nesta quarta-feira, o índice da B3 acompanhou a melhora de humor em Nova York, em retomada também moderada após o ruído de terça-feira suscitado por fracas leituras sobre a confiança do consumidor e a venda de imóveis novos nos Estados Unidos. Sem muitos catalisadores domésticos nesta quarta-feira, o índice da B3 fechou em alta de 0,81%, a 123.989,17 pontos, entre mínima de 122.987,79 e máxima de 124.255,69 pontos, com giro a R$ 33,3 bilhões. Na semana, o índice avança 1,14%; no mês, 4,29%, e no ano, 4,18%.

"O Fed (Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos) tem conseguido administrar bem as expectativas, e isso se refletiu no mercado de Treasuries, com o yield de 10 anos abaixo de 1,60%, tendo chegado no pior momento a 1,75%. O Fed conseguiu segurar no chifre do boi, prevalecendo com a narrativa sobre a transitoriedade de fatores, como o preço das commodities – a árvore, de fato, não cresce até o céu. Os gargalos acabam cedendo, e isso transparece na inflação implícita para os próximos 10 anos, abaixo de 2% (ao ano)", observa Roberto Attuch, CEO da Ohmresearch.

Ele considera que a perspectiva do BC dos Estados Unidos com relação à política monetária e o "tapering" deve ficar mais evidente no segundo semestre, durante a realização do encontro anual de Jackson Hole.

No Brasil, a perspectiva foi ajustada desde a mais recente leitura sobre o IBC-Br, que resultou em uma série de revisões, positivas, para o PIB de 2021. "Antes se falava em algo entre 2% e 3% para o ano e, depois do IBC-Br, 4% começou a virar piso. Desde a definição do Orçamento, houve também descompressão, mais evidente em câmbio e nos juros, com encaminhamento melhor do que o temido (sobre o fiscal)", acrescenta Attuch.

Nesta quarta-feira, o desempenho linearmente positivo de bancos (Bradesco ON +2,38%, Itaú PN +1,38%) e commodities (Petrobras PN +0,97%, ON +0,91%) deu fôlego ao Ibovespa para retomar a linha de 124 mil pontos durante parte da sessão. "O mercado continua de olho na inflação, após dados e outros gatilhos que possam estimular a retirada de estímulos antes do esperado. Por isso, ajudam a sustentar altas nas bolsas falas como a de Richard Clarida (vice-presidente do Fed), na terça, de que o BC americano pode conter a inflação sem prejudicar a recuperação econômica", diz Paula Zogbi, analista da Rico Investimentos.

Nesta quarta, tal perspectiva "dovish" foi reiterada por outro integrante do board do Federal Reserve, Randal Quarles, ao afirmar que "parcela significativa da recente alta na inflação dos Estados Unidos será transitória". "A alta recente da inflação não vai interferir no progresso da economia", acrescentou Quarles, observando também que a "recuperação desigual da economia global é um risco aos Estados Unidos".

Entre os setores da B3, apesar da retração acumulada pelo minério de ferro em resposta à atenção manifestada pelas autoridades chinesas aos efeitos da cotação da commodity sobre os preços do aço, Vale ON e as ações de siderúrgicas tiveram um dia de recuperação moderada, com a ON da mineradora em alta de 2,94% no fechamento e ganhos de até 1,74% (CSN ON) para as de siderúrgicas.

"Pela manhã, os contratos futuros de minério de ferro negociados na bolsa de Dalian amargavam queda de 6%, mas, no começo de tarde, iniciaram um processo de recuperação e praticamente zeraram as perdas, fato que ajudou no movimento de alta das ações da Vale, que retornaram para a faixa de R$ 110", aponta Rafael Ribeiro, analista da Clear Corretora.

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