O candidato ao governo de São Paulo Fernando Haddad (PT) aproveitou agenda de campanha em Santos nesta terça-feira, 11, para criticar o modelo de privatização da gestão do Porto de Santos elaborado por seu adversário, Tarcísio de Freitas (Republicanos), quando esteve à frente do Ministério da Infraestrutura. O petista afirmou ser favorável à concessão dos terminais à iniciativa privada, mas considera que abrir mão do controle da autoridade portuária, previsto pelo governo federal, não será bom ao Estado.
Segundo Haddad, a privatização pode fazer com que um grupo monopolize o porto com prejuízos a um determinado ramo de atividade. "Por exemplo: estamos perdendo indústrias em São Paulo. Vamos dedicar o porto a só um setor econômico ou mantê-lo atendendo toda a diversidade da economia paulista? São visões técnicas diferentes, e acho que uma visão equivocada de quem não compreende a complexidade do Estado", afirmou, em referência a seu adversário.
O petista afirmou ter a mesma posição em relação à Sabesp. Se eleito, ele disse que não entregará o controle completo da empresa a parceiros privados. "Eu quero fazer parcerias, mas sem perder o controle da companhia, que poderá causar um grande prejuízo para a população mais pobre de São Paulo, que não conseguiria pagar mais uma conta cara em relação aos serviços públicos."
No debate promovido pela Band na segunda-feira, 10, Tarcísio se disse favorável à privatização completa da Sabesp. Ao comentar a posição do adversário, Haddad comemorou seu desempenho no debate, vencido por ele segundo analistas ouvidos pelo Estadão.
<b>Guerra santa</b>
Ao falar sobre suas estratégias para virar a votação apurada no primeiro turno e vencer a disputa estadual, especialmente no interior do Estado, onde sua rejeição é maior, Haddad criticou o que chamou de "guerra santa". De acordo com o petista, suas propostas dialogam com o interior, mas o que está em jogo não é exatamente os planos de governos dos candidatos.
"Há uma ação de fake news acontecendo, uma guerra santa sendo criada artificialmente no País que, eventualmente, leva as pessoas ao erro. O Brasil não precisa trazer para cá uma guerra dessa natureza. Nós aprendemos ao longo das décadas a conviver com a diferença. Você não precisa saber a religião da pessoa para respeitá-la, mas, infelizmente, estamos entrando no Brasil em uma seara muito perigosa", disse.
O candidato comentou a história de sua família – seu avô era sacerdote cristão e fugiu do Líbano em função da religião – para citar a importância de se evitar conflitos dessa natureza. "Eles vinham para a América em busca de liberdade religiosa. Nós vamos acabar com isso em nome do quê? Será que é isso que a religião ensina ou o contrário? Isso está levando muita gente a erro", afirmou.
Haddad comentou que muitas pessoas, ao longo da campanha, estão recebendo "vídeos ridículos, sobre pactos com o diabo, fechamento de igrejas". "Muita gente de boa-fé acredita. Mas estamos falando de política pública. O PT governou 12 anos, me dá uma igreja que tenha sido fechada. Vamos parar com isso, combater as fake news", pediu.
Depois de receber o apoio de vereadores da Baixada Santista e falar com eleitores, Haddad atendeu a imprensa e reforçou a necessidade de uma aliança entre os governos federal e estadual. "Nós temos uma obrigação de até dia 30 defender muito a chapa Lula-Alckmin, Haddad-Lúcia França, porque as duas eleições estão muito combinadas, as pessoas que vão votar no Lula em geral vão votar em mim, porque vai ser a primeira vez que vamos ter dois governos super sintonizados e progressistas governando o País", afirmou.