Estadão

Em sessão instável, dólar cai 0,16% em meio a falas de Lula e dados dos EUA

Após uma arrancada pela manhã, quando chegou a superar o teto de R$ 5,25, o dólar apresentou um comportamento instável ao longo da tarde, em meio à reversão parcial dos ganhos da moeda americana no exterior e a novas declarações do presidente Lula sobre a relação do governo com o Banco Central. Com trocas de sinal nas últimas horas de negócios, o dólar encerrou o pregão desta quinta-feira, 16, cotado a R$ 5,2115, em baixa de 0,16%.

Em entrevista à CNN Brasil, Lula, que teria sido aconselhado a baixar o tom nas críticas à gestão da política monetária, disse que "não interessa brigar com um cidadão que é o presidente do BC". O presidente, contudo, não deixou de espicaçar Campos Neto ao dizer que o levará a visitar os lugares mais miseráveis do país. "Ele tem que saber que, neste país, a gente tem que governar para pessoas que mais necessitam", disse.

Lula também afirmou a CNN Brasil que, antes da autonomia do BC, havia diálogo com a autarquia. "Quando tinha que aumentar (juros), aumenta, não tem problema nenhum, mas você tinha que cuidar do outro lado", disse, acrescentando que, como havia a TJLP, quando o BC aumentava os juros, o BNDES reduzia a taxa de longo prazo, para facilitar investimentos. "Você não precisa de briga pra isso, é só utilizar o bom senso", afirmou.

Para o economista-chefe da Frente Corretora, Fabrizio Velloni, há uma estratégia por parte de uma ala do governo de diminuir a temperatura política, na tentativa de reduzir danos provocados pelos ataques recentes de Lula a Campos Neto. "Os bombeiros de plantão estão fazendo o rescaldo do incêndio que o presidente colocou na relação com o BC", diz.

Fontes ouvidas pelo Broadcast afirmam que técnicos do Ministério da Fazenda receberam a incumbência de "não pensar pequeno" ao desenharem o novo arcabouço fiscal do país, que deve ser ambicioso e garantir a elaboração da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2024 segundo os novos parâmetros. Ontem, Haddad anunciou que o anúncio das novas regras será antecipado de abril para março.

"O mercado de câmbio ficou muito volátil hoje. Temos essa questão de quanto os juros vão subir nos EUA. O dólar chegou a se fortalecer bastante lá fora pela manhã. E aqui o noticiário político continua incomodando bastante", afirma o economista-chefe da Valor Investimentos, Piter Carvalho, ressaltando que a alta das blue chips Vale e Petrobras podem ter ajudado a tirar pressão sobre o real ao longo da tarde.

Pela manhã, a divisa registrou máxima a R$ 5,2599 (+0,77%), em meio à escalada do dólar lá fora, após o resultado acima das expectativas do índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês) nos Estados Unidos em janeiro e número de pedidos de auxílio-desemprego que ratificam leitura de mercado de trabalho ainda bem aquecido. Trata-se de uma combinação que desautoriza apostas em fim do ciclo de alta de juros já na reunião de política monetária do Federal Reserve em março e aponta para taxa termina acima de 5%.

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