Estadão

Em sessão volátil, taxas voltam a subir sob pressão externa

Os juros futuros tiveram uma sessão volátil, mas o sinal de alta prevaleceu na maior parte do dia sobre as taxas, que chegaram a testar um alívio em parte da tarde. De maneira geral, o estresse do mercado internacional, sobretudo vindo da curva americana, continuou conduzindo os negócios, nesta quarta-feira agravado pelo noticiário sobre a guerra entre Israel e Hamas.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 fechou em 11,12%, de 11,03% no ajuste anterior, e a do DI para janeiro de 2026 passou de 10,89% para 11,03%. O DI para janeiro de 2027 projetava no fechamento taxa de 11,18% (11,07% na terça) e a do DI para janeiro de 2029 subiu de 11,50% para 11,55%.

A melhora da curva entre o começo até o meio da tarde, segundo profissionais da renda fixa, não teve gatilho específico, atribuída a ajustes técnicos relacionados aos prêmios elevados embutidos nos vencimentos, especialmente os de longo prazo. A ponta curta também chegou a virar para baixo, com alguns players destacando a fala do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.

Durante evento promovido pelo Credit Suisse, ele negou ter afirmado que, em reunião fechada com investidores no último dia 11, ser maior a probabilidade de uma desaceleração do que uma aceleração no ritmo de cortes da Selic. "Eu em nenhum momento falei nada nem remotamente parecido com o que foi interpretado, de que a probabilidade de uma coisa era maior do que a outra", disse. Campos Neto ainda aproveitou para reforçar que o BC entende que o ritmo de cortes de 0,5 ponto porcentual é adequado.

A economista-chefe do TC, Marianna Costa, acredita que o Copom "vai mesmo de 0,5 em 0,5", até porque os dados recentes de atividade no Brasil dão margem para a manutenção do ritmo ao mostrarem menor impulso, sugerindo estagnação da economia ou até PIB negativo no terceiro trimestre. Nesta quarta, as vendas do varejo restrito mostraram queda de 0,2% em agosto ante julho, melhor do que a mediana das estimativas coletadas pelo Projeções Broadcast de -0,8%, mas no conceito ampliado houve redução de 1,3%, maior do que o consenso que também era de -0,8%. "Mas há dúvida sobre até onde é possível chegar com o ciclo de cortes", pondera.

Assim como visto na terça após a divulgação da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), nesta quarta o mercado mal teve tempo de repercutir as vendas do varejo. O aumento da pressão dos Treasuries se sobrepôs, com os yields renovando máximas após o presidente dos EUA, Joe Biden, ter reiterado apoio a Israel. Num momento em que as preocupações fiscais no país já são crescentes, Biden disse que pedirá ao Congresso um pacote "sem precedentes" para envio de equipamento de defesa e ajuda humanitária. Nas máximas, a taxa da T-Note de dez anos, referência para ativo livre de risco, chegou a 4,93%.

Uma das ameaças inflacionárias globais vem do petróleo, que nesta quarta voltou a superar US$ 90 no caso do Brent, em meio às incertezas no Oriente Médio.

Marianna Costa, do TC, afirma que ainda não há clareza sobre os efeitos da guerra sobre os ativos, ao menos enquanto o conflito estiver restrito à região. "Se houver impacto no petróleo, traz risco inflacionário, mas se este for mais duradouro, de longo prazo, contaminará a atividade global", afirma.

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