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Em SP, Vargas Llosa reforça seu otimismo

O escritor peruano Mario Vargas Llosa falou na noite de segunda-feira, 9, em São Paulo, sobre como passou de um jovem entusiasta da Revolução Cubana a um liberal apaixonado pela democracia. Sem anotações e num tom sempre otimista, ele ocupou o palco do Teatro Cetip, no Instituto Tomie Ohtake, abrindo a temporada do projeto Fronteiras do Pensamento.

A conferência de uma hora que iniciou o evento poderia ser denominada “da utopia à realidade”, segundo o próprio Llosa. Ele contou como “descobriu o problema social” e como isso o levou a militar no Partido Comunista do Peru nos anos 1950. “A Revolução Cubana era muito sedutora.” O escritor passou a integrar um comitê de intelectuais da Casa de las Américas, em Havana, e o contato anual com a ilha nos anos 1960 provocou nele um “progressivo desencanto”: houve um “desagrado íntimo” com a experiência pessoal com Fidel, traumas vividos por amigos homossexuais perseguidos pelo novo governo e o célebre caso Padilla, em 1971, o ponto de ruptura.

“Foi um ato de libertação”, disse Vargas Llosa. “Desde essa época, nunca tive a sensação de ter que me calar sobre um feito político.” A condição de “órfão” foi suprimida pela leitura: Raymond Aron e Jean-François Revel explicaram como “a democracia não era a máscara da exploração, mas sim um sistema que permitia a coexistência e a diversidade” e, mais tarde, Vargas Llosa notou nos “liberais” uma “atitude de tolerância extraordinária, sobretudo a quem sustentava ideias distintas”.

Foi Karl Popper e o seu A Sociedade Aberta e Seus Inimigos que lhe fisgou. “Todas as tentativas de criar paraísos na Terra criaram infernos, diz Popper. As inteligências não estão com o totalitarismo”, comentou Llosa. “A democracia não imagina sociedades perfeitas, ela pensa que problemas podem ser resolvidos com o tempo”, concluiu.

O prêmio Nobel de Literatura em 2010 também comentou sobre a situação política no Brasil. “Há que se ver com otimismo um movimento popular que quer purificar a democracia, limpá-la da corrupção. Aperfeiçoar a democracia é um ideal muito civilizado e alcançável.”

Llosa também criticou o preconceito que os ideais liberais sofrem no continente, em contraste com a tradição autoritária dos sistemas políticos latinos. “A ideia de tolerância é central no liberalismo”, reforçou. “Que alguém reconheça que pode estar errado e que o adversário pode estar certo.”
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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