Estadão

Em tribunal, Neymar diz que assinava os documentos que seu pai pedia

Em depoimento antecipado na Justiça espanhola, Neymar afirmou nesta terça-feira que seu pai era quem cuidava das negociações em transferências de clubes e que apenas "assinava" os documentos que seu pai pedia. O atacante deu depoimento no julgamento em que enfrenta acusações de corrupção e fraude na sua transferência do Santos para o Barcelona, em 2013.

"Meu pai sempre cuidou das negociações de contrato. Eu assino o que ele pede", declarou o jogador, atualmente no Paris Saint-Germain. Neymar esteve no tribunal na segunda e voltou nesta terça após decisão de antecipar seu depoimento para evitar conflitos com a agenda de jogos da equipe parisiense.

Neymar foi questionado pela Procuradoria se participou dos contatos com o Barcelona para a sua saída do Santos. O jogador de 30 anos disse não se lembrar e reiterou as decisões do seu pai e empresário. "Meu pai sempre cuidou de tudo isso, sempre foi o responsável por isso."

O Ministério Público da Espanha acusa Neymar e seus pais de corrupção e fraude. E pede dois anos de prisão ao jogador e multa de 10 milhões de euros (cerca de R$ 51,8 milhões). Os ex-presidentes do Barcelona Sandro Rosell e Josep Maria Bartomeu encaram as mesmas acusações, com pedido de cinco anos de prisão, assim como o ex-presidente do Santos Odílio Rodrigues Filho.

Neymar e seu pai enfrentam acusações do Grupo DIS, que detinha 40% dos direitos econômicos do atleta na época em que ele deixou o Santos rumo ao Barcelona. A venda foi anunciada por 17,1 milhões de euros (R$ 88,7 milhões, pelo câmbio atual) e a empresa recebeu uma fatia de 6,84 milhões de euros. Depois disso, o Barcelona informou que o valor real da transação foi de 57 milhões de euros, e a diferença de quase 40 milhões de euros foi depositada para a empresa N&N, em nome dos pais do atleta.

Após uma investigação, o Barcelona revelou o contrato feito com Neymar. Os documentos mostravam um valor ainda maior do que o divulgado anteriormente: 86,2 milhões de euros, englobando pontos como luvas, um repasse ao Instituto Neymar Júnior e comissões ao pai do atacante. O DIS, portanto, alega que deveria ter recebido 34,5 milhões de euros e pede reparação na Justiça.

O caso, enquadrado pelo judiciário espanhol como possível caso de corrupção entre particulares, pode render até a prisão de Neymar, faltando quase um mês para o início da Copa do Mundo do Catar. A defesa do jogador aponta que a conduta não é considerada crime no Brasil e que, por isso, ele não poderia ser punido.

REAL MADRID
Florentino Pérez, presidente do arquirrival do Barcelona, também deu depoimento nesta terça. O Real era um dos times cotados para ser o destino de Neymar quando ele defendia o Santos. O estafe do jogador chegou a entrar em negociação com o clube de Madri.

Convocado pela Procuradoria para dar seu testemunho, Pérez confirmou proposta de 45 milhões de euros do Real por Neymar em 2011, mas evitou entrar em detalhes porque não havia participado da negociação. "Os jogadores vão para onde eles querem e, neste caso, acredito que Neymar queria jogar no Barcelona", afirmou o dirigente merengue.

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