Economia

Em um ano, siderúrgicas e Vale perdem R$ 80 bilhões em valor de mercado

As ações das siderúrgicas brasileiras – CSN, Gerdau e Usiminas – e as da mineradora Vale fecharam novamente com forte queda nesta quinta-feira, 7, ainda sob o impacto de notícias ruins sobre a economia da China, maior importadora e consumidora global de commodities. A expectativa, no curto prazo, é de que os papéis dessas empresas continuem pressionados, já que não há perspectiva de recuperação dos preços internacionais do minério de ferro e a demanda por aço no Brasil deve seguir fraca, segundo analistas ouvidos pelo jornal O Estado de S. Paulo.

A combinação de demanda fraca no mercado interno e excesso de oferta no mercado global já vem afetando os papéis dessas empresas há meses. O valor de mercado delas, que são listadas na BM&FBovespa, derreteu nos últimos 12 meses, de acordo com a Economática. A mineradora Vale, que era avaliada em R$ 111,3 bilhões no dia 7 de janeiro do ano passado, perdeu 53,7% do seu valor, encerrando hoje a R$ 51,7 bilhões. A CSN, do empresário Benjamin Steinbruch, que valia R$ 7,8 bilhões, caiu 42,6%, para R$ 4,5 bilhões. Já a Usiminas teve tombo ainda maior: caiu 74,5% – de R$ 9,2 bilhões para R$ 2,34 bilhões hoje. A Gerdau S/A recuou 65%, de R$ 16,7 bilhões para R$ 5,84 bilhões.

“A perda de valor de mercado de CSN, Gerdau, Usiminas e Vale, juntas, nesses últimos 12 meses, equivale ao valor de mercado sozinha da Vale no fim do ano passado”, afirmou Bruno Piagentini, analista da Coinvalores, que se baseou nos dados da Economática. “Se considerada apenas a perda das três siderúrgicas, a queda equivale ao valor de mercado da Gerdau no início de 2015.”

Com a crise econômica, as siderúrgicas estão fazendo ajustes de produção no País. A CSN deve desligar nas próximas semanas um dos seus dois altos-fornos de Volta Redonda (RJ), o que deve gerar a demissão de cerca de 3 mil trabalhadores, de acordo com o sindicato local – a CSN não comenta a informação. Já a Usiminas, que já tinha desligado um alto-forno no ano passado, deverá desligar outro na unidade de Cubatão (antiga Cosipa) até o fim deste mês.

A unidade de Cubatão também está desativando as áreas primárias de produção (coquerias, sintetizadores e aciarias) para se adequar à realidade do mercado, afirmou o grupo. As áreas de laminação e porto não serão afetadas. CSN e Usiminas também correm para vender parte de seus ativos.

No início de dezembro, a Gerdau desativou a área de laminação de aço em Simões Filho (BA) e transferiu a produção para outras unidades. Procurada, a companhia informou que o “processo de hibernação da planta da Bahia deve-se à necessidade de otimização das atividades da empresa no segmento de aços longos por conta do cenário desafiador no Brasil”.

Incentivo

Para Marco Polo de Mello Lopes, presidente do Instituto Aço Brasil (IABr), o cenário para 2016 para as indústrias não deve mudar. “Aguardamos medidas do governo, que incluem a taxação de aço importado e estímulos para exportação, uma vez que os resíduos tributários tiram a competitividade da indústria, apesar do dólar.”

Analistas ouvidos pelo jornal não acreditam que incentivos de Brasília impulsionarão o setor. “De que adianta taxar o aço importado, se o problema no País é a fraca demanda?”, questiona Pedro Galdi, da Whatscall Consultoria. “A pressão global sobre a Vale vai continuar, uma vez que há excedente de produção. Ainda tem o caso Samarco (empresa da qual é sócia e cuja barragem se rompeu em Mariana, em Minas, em novembro). A Gerdau tem boa parte de sua produção nos EUA, o que a ajuda.” Procurada, a Vale não comenta.

No caso das siderúrgicas, a pressão continua com a paralisia da construção civil, montadoras e linha branca, segundo Piagentini. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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