Depois de duas audiências de conciliação, a Embraer e o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos não chegaram a um acordo envolvendo as demissões feitas na empresa durante a pandemia de covid-19 nesta terça-feira, 29. A disputa agora será resolvida no Tribunal Regional do Trabalho (TRT).
O sindicato subiu o tom contra a empresa após a Embraer anunciar, no início do mês, a demissão de mais de 900 trabalhadores. A fabricante alega que os cortes (cerca de 2,5 mil no total, considerando PDVs) vieram por causa da pandemia e do fracasso do acordo com a Boeing.
A vice-presidente judicial do TRT-15, Tereza Asta Gemignani, que conduziu as duas audiências, inicialmente propôs o cancelamento das demissões e adoção de "layoff" para os trabalhadores representados pelos sindicatos. A proposta não foi acatada pela Embraer.
Na audiência de terça-feira, Gemignani concedeu liminar para concessão de plano de saúde e auxílio alimentação no valor de R$ 450 até junho de 2021. Em nota, a Embraer explicou que a decisão coincide com a proposta apresentada pela empresa durante as audiências.
Para o sindicato, entretanto, a decisão é insuficiente, "uma vez que não garantiu a anulação das demissões, principal reivindicação dos trabalhadores". A categoria disse que insistirá no pedido inicial de liminar para cancelamento dos cortes. Sem acordo, caberá agora um julgamento no TRT. "Consideramos a decisão liminar muito fraca, pois não garante o sustento de milhares de trabalhadores jogados para o olho da rua por conta da ganância da Embraer", avaliou o diretor do sindicato Herbert Claros.
Já a Embraer afirmou que manteve a coerência de propor o mesmo pacote de benefícios aprovado pela maioria das entidades sindicais que representam profissionais da companhia pelo Brasil. "Em todas as negociações, a Embraer reforçou o compromisso de preferência na recontratação dos ex-colaboradores, conforme retomada do mercado e política de recursos humanos da companhia".