O Ópera Estúdio, da EMESP Tom Jobim, instituição do Governo do Estado de São Paulo e da Secretaria da Cultura, traz à cena os embates do amor e a devoção à poesia na montagem de Os Contos de Hoffmann, ópera de Jacques Offenbach com libreto de Jules Barbier. Com direção cênica de Iacov Hillel e direção musical de Mauro Wrona, as apresentações, com participação da Orquestra Jovem de Guarulhos (sob regência de Emiliano Patarra), acontecem nos dias 8, às 20h, e 9 de dezembro, às 19h, no Teatro Adamastor, em Guarulhos.
O enredo, que já foi tema de filme em 1951, dirigido por Michael Powell e Emeric Pressburger, traz como protagonista o escritor romântico Hoffmann, que se sente dividido entre ficar na taberna em que declama poesias aos seus amigos e ir ao encontro de sua amada, a cantora lírica Stella. Embora esteja apaixonado, Hoffmann segue cedendo aos apelos de seus amigos, que pedem sempre uma nova poesia. Um deles, Nicklausse, é na verdade a própria musa da poesia disfarçada, travando um embate contra as paixões que acometem seu amigo.
Hoffmann então narra suas três desventuras amorosas anteriores, que acabam por se personificar na jovem Stella: Olympia, que parece ser uma mulher, mas na verdade é uma boneca; a cantora Antonia; e Giulietta, uma cortesã. Cada uma, a seu modo, acaba por quebrar o coração do rapaz apaixonado, que chega até a matar em nome de amores que, ao fim, desvanecem e o deixam magoado.
Ao relembrar seus amores, sob o conselho de Nicklausse, Hoffmann acaba bebendo demais e não acompanha Stella, que parte sozinha. Finalmente, o rapaz percebe que mais vale seguir a trilha da poesia, em que o amor é conservado em sua essência, em sua idealidade, do que na vida real, em que está envolto em sofrimento. Segundo Iacov Hillel, "essa ópera traz uma mensagem bonita da busca do amor e da poesia, dos amores do poeta".
De acordo com o diretor cênico, a montagem será atemporal, com figurinos elegantes, que remetem a roupas de concerto. Assim também será o cenário, composto por cadeiras e biombos que evocam uma certa bruma, um certo ar nebuloso que envolve a história. Tudo em nome de um libreto sofisticado, repleto de reviravoltas e ambientações distintas, pois "a ópera será montada praticamente em sua íntegra, 90% do texto; são duas horas, com um intervalo", conta Hillel.
A produção é resultado de um semestre de trabalho com os alunos do Ópera Estúdio, curso regular para cantores líricos do ciclo avançado da Escola de Música do Estado de São Paulo – Tom Jobim (EMESP Tom Jobim).
O Ópera Estúdio já encenou Così Fan Tutte, de Mozart (2005), Albert Herring, de Benjamin Britten (2006), Orphée aux Enfers, de Jacques Offenbach (2007), com adaptação em português de Francisco Correa Vasques, Viva La Mamma, de Gaetano Donizetti (2008), Le Domino Noir, de Daniel Auber (2009), A Flauta Mágica, de Wolfgang Amadeus Mozart (2010) e Tutto nel Mondo è Burla!, espetáculo com obras de Verdi, Puccini, Rossini e Donizzetti (2011), e As Bodas de Fígaro, de Mozart (primeiro semestre de 2012).
Os Contos de Hoffmann tem patrocínio do Banco Safra, apoio do Ministério da Cultura por meio da Lei de Incentivo à Cultura.
IACOV HILLEL
Diretor teatral, iluminador e professor da Escola de Arte Dramática EAD – ECA – USP, cuja formação inclui alguns anos de estudo com Eugênio Kusnet sobre Stanislawski, piano e teoria musical, desenho e pintura, balé clássico e dança moderna. Iacov tem experiência de mais de trinta anos na direção de trabalhos artísticos e entende o espetáculo teatral como uma grande partitura. Recentemente montou O Homem que Confundiu sua Mulher com um Chapéu, ópera de Michael Nymann – no Theatro São Pedro e O dia que raptaram o Papa, comédia de João Bethencourt, no Teatro Folha, e muitos outros espetáculos que lhe renderam prêmios como o Moliére, APETESP, Mambembe, Governador do Estado, Sharp, APCA e FIT.
MAURO WRONA
Atuou durante trinta anos como cantor lírico (tenor) no Brasil e na Europa, onde permaneceu durante vinte anos. De volta ao Brasil em 1997, iniciou intensa atividade na direção cênica de óperas, destacando-se nas produções das séries Ópera do Meio-Dia no Theatro Municipal do Rio de Janeiro (2000-01) e no Theatro São Pedro, de São Paulo (2004-07). Foi diretor cênico residente da Cia. Brasileira de Ópera, dirigida pelo M. John Neschling (2010). Laureado em regência pela Faculdade Santa Marcelina, regeu a série Ópera Café no Centro de Cultura Judaica, a Orquestra Lestro Armonico e a Orquestra Jovem da Escola Municipal de Música de São Paulo. É coordenador do Ópera Estúdio, curso da EMESP Tom Jobim, com o qual dirigiu espetáculos operísticos no Theatro São Pedro e na Pinacoteca do Estado.