Os brasileiros poderão conferir a partir desta quinta-feira (6) o polêmico “Emilia Pérez”, filme francês que já entrou para a história como a obra de não-língua inglesa com mais indicações ao Oscar na história. O longa disputa categorias de peso como Melhor Filme Internacional, Melhor Filme e Melhor Atriz, competindo diretamente com o brasileiro “Ainda Estou Aqui”. O filme se tornou um fenômeno tanto pelo seu sucesso nas premiações quanto pelas críticas que tem recebido desde seu lançamento.
Dirigido por Jacques Audiard, o filme mistura drama e musical para contar a história de Rita (Zoë Saldaña), uma advogada que trabalha em um escritório mais interessado em lavar dinheiro do que em fazer justiça. Em meio a esse universo corrupto, ela se envolve com um chefe de cartel de drogas (interpretado por Karla Sofía Gascón) que busca abandonar o crime para finalmente se tornar a mulher que sempre sonhou ser.
Apesar do sucesso nas premiações, “Emilia Pérez” vem sendo duramente criticado, especialmente por públicos latino-americanos, com destaque para o México, país que serve de pano de fundo para a trama. Nas redes sociais, usuários apontam que o filme reforça estereótipos negativos sobre a cultura mexicana, retratando o país de forma caricatural, com um olhar superficial sobre suas complexidades sociais e culturais.
Um dos principais alvos das críticas é a falta de representatividade mexicana no elenco principal. Audiard optou por escalar atrizes americanas e europeias com ascendência latina, como Zoë Saldaña, Karla Sofía Gascón e Selena Gomez, em vez de artistas locais. O diretor se defendeu em entrevista ao The Hollywood Reporter:
“Vi muitas atrizes no México, conheci atrizes trans, mas simplesmente não estava funcionando.”
A declaração gerou ainda mais revolta, sendo vista como uma desvalorização do talento local. O problema se intensificou com outra fala polêmica do diretor, que, em entrevista ao site francês Konbini, afirmou que o espanhol é “um idioma de países modestos, de países em desenvolvimento, de pobres e migrantes”.
Repercussão nas redes e entre a crítica
Desde o final de 2024, cenas do musical começaram a viralizar, especialmente trechos das performances musicais. As críticas se dividiram entre a atuação do elenco, o tom das músicas e a qualidade das letras. A insatisfação aumentou após o filme vencer o renomado Globo de Ouro de Melhor Filme de Comédia/Musical, superando produções populares como “Wicked”.
Além disso, o sotaque das protagonistas, considerado artificial e forçado por muitos falantes nativos do espanhol, virou motivo de piada e críticas online.
Entre prêmios e polêmicas
Apesar das controvérsias, “Emilia Pérez” continua a conquistar espaço no circuito internacional. Audiard, conhecido por obras premiadas como “O Profeta” e “Dheepan”, já venceu a Palma de Ouro e o César, e agora busca consolidar mais um sucesso no Oscar.
Para o público brasileiro, a estreia é uma oportunidade de conferir de perto o filme que está no centro de um dos debates mais acalorados do cinema atual: o equilíbrio entre arte, representatividade e responsabilidade cultural.