O fenômeno é resultado de uma nova realidade, comprovada
Os números futuros são ainda mais reveladores. Para
Ao cruzar os números com a nova geração de aposentados empreendedores que surge no país, é possível destacar dois fatores que explicam tal surgimento.
O primeiro fator está diretamente ligado à situação previdenciária atual. É a justificativa de aposentados que fazem uma projeção pessimista com relação ao assunto. Temerosos de futuras limitações financeiras, decidem se arriscar no mundo dos negócios, depositando na empreitada a garantia de um futuro econômico melhor e mais tranqüilo.
São pessoas que têm razão para se preocupar. Afinal, o valor da aposentadoria é calculado de acordo com a expectativa de vida da população. Se ela aumenta, a pensão paga pelo Poder Público diminui. O aumento da população idosa também pulveriza mais os benefícios previdenciários. Atualmente, o Ministério da Previdência contabiliza mensalmente o pagamento de 24,6 milhões de benefícios, dos quais cerca de apenas 8,1 milhões acima do salário mínimo. Se o dinheiro vindo dessa aposentadoria não é suficiente, a solução encontrada é voltar a colocar a mão na massa.
O segundo fator é motivacional. Há pessoas com espírito ainda mais aventureiro que, mesmo após a aposentadoria, continuam com suas ambições, acreditam em seus potenciais de reinvenção e crêem em seus “feelings” empresariais. Estão, também, claro, preocupadas em manter a independência financeira adquirida em seus longos anos de atividade.
Para ambos os grupos de empreendedores, porém, há um mesmo risco: a falta de informação. Projetos para desburocratizar o processo de abertura de uma empresa e simplificar a cobrança dos diversos impostos existentes sempre tramitam no governo. Mas, enquanto eles não saem do papel e a teoria não vira prática, arriscar-se no mundo dos negócios pode ser uma aventura perigosa e desagradável para os inexperientes. Entidades como o Sebrae desenvolvem cursos exclusivos para esse tipo de público, para que os riscos existentes sejam minimizados e para que a empreitada do “novo vivido empreendedor” se concretize como um verdadeiro sucesso.
Esse grupo de ousados da terceira idade que cresce a cada dia vem para mudar a cultura de que a vida ativa tem data e hora para acabar. Sonhos e aspirações também fazem parte do vocabulário dos mais vividos.
A imagem do aposentado, aquele ser de sandálias sentado numa cadeira de balanço vendo o dia passar, está mudando radicalmente. Ele está cada vez mais disposto a se envolver em novos projetos, com a sabedoria que adquiriu ao longo da vida e motivado por saber que, assim, poderá gerar empregos e ajudar no desenvolvimento do país.
*Milton Dallari é diretor administrativo e financeiro do Sebrae-SP e presidente da Associação dos Aposentados da Fundação Cesp.