O País registrou um corte de 540 mil postos de trabalho com carteira assinada no período de um ano, o equivalente a uma queda de 4,6% em novembro em relação ao mesmo mês do ano passado, segundo os dados da Pesquisa Mensal de Emprego, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira, 17.
O emprego sem carteira no setor privado também caiu, -7,2%, 147 mil empregados a menos. No entanto, aumentou o trabalho por conta própria em 0,9% no período, 41 mil pessoas a mais nessa condição.
Em relação a outubro, houve expansão de 0,5% nas vagas formais, 52 mil postos a mais com carteira assinada no setor privado em novembro. O emprego sem carteira cresceu 3,3%, 60 mil pessoas a mais. Enquanto o trabalho por conta própria recuou 0,2%, menos 9 mil pessoas nessa condição.
População desocupada
A fila do desemprego cresceu 53,8% em novembro em relação ao mesmo mês de 2014, segundo o IBGE. O montante equivale a 642 mil pessoas a mais em busca de uma vaga. Já o total de ocupados diminuiu 3,7%, 858 mil vagas extintas.
Na comparação com outubro, entretanto, houve redução de 4,2% no número de desocupados, ou 80 mil desempregados a menos. Quanto ao total de ocupados, houve crescimento de 0,3%, o equivalente a 72 mil postos de trabalho a mais.
Renda média
A queda de 8,8% na renda média paga aos trabalhadores ocupados no País em novembro foi a mais acentuada desde dezembro de 2003, quando o recuo foi de 10,7%, conforme do IBGE.
Houve redução em todas as atividades pesquisadas, com destaque para a perda na renda dos trabalhadores da indústria, -12,5% no período. Em seguida ficaram os serviços prestados a empresas (-12,1%) e construção (-11,9%).
Indústria
De acordo com o IBGE, a indústria registrou fechamento de 315 mil vagas em novembro em relação ao mesmo período do ano passado, o equivalente a uma queda de 8,8% no total de empregados.
No comércio, a queda foi de 3,2%, 140 mil vagas a menos, enquanto os serviços prestados a empresas recuaram 3,7%, 141 mil vagas extintas. Nos outros serviços – que incluem serviços financeiros, imobiliários e pessoais -, o corte foi de 150 mil vagas no período de um ano, queda de 3,4% na ocupação.
A construção dispensou 25 mil empregados (queda de 1,4% no total de ocupados); serviços domésticos eliminaram 8 mil postos de trabalho (-0,6%); e educação, saúde e administração pública encolheram em 72 mil vagas (-1,8%).
A redução nas vagas da indústria e serviços prestados a empresas tem impactado o emprego com carteira no País, lembrou Adriana Beringuy, técnica da Coordenação de Trabalho e Rendimento do IBGE.
“A indústria tem cerca de 75% dos ocupados com carteira. Nos serviços prestados a empresas, mais de 80% das vagas são com carteira de trabalho. Sendo essas atividades as que mais têm dispensado, isso acaba impactando a carteira assinada”, disse Adriana.
Em novembro, o País registrou extinção de 540 mil postos de trabalho com carteira assinada, em relação ao patamar de um ano antes, novembro de 2014.
Jovens
Os jovens puxaram a queda na taxa de desemprego no País em novembro. O resultado foi de 7,5% no mês, ante 7,9% em outubro, segundo o IBGE. Embora a desocupação seja maior entre a população jovem, a taxa de desemprego para a faixa etária de 18 a 24 anos de idade recuou de 19,5% em outubro para 18% em novembro.
O resultado é um indício de que houve reflexo do movimento sazonal de abertura de vagas de trabalho temporárias, avaliou o IBGE. “Foi justamente entre esses jovens que a ocupação mais expandiu no mês, o que pode estar relacionado ao fato de que esse grupo pode estar mais inserido nos trabalhos temporários no comércio”, disse Adriana Beringuy.
O nível da ocupação também aumentou para essa população de 18 a 24 anos: passou de 51,5% em outubro para 52,1% em novembro. “Nesse mês de outubro para novembro houve uma situação (de aumento) da ocupação nesse grupamento (de 18 a 24 anos). O nível de ocupação dos jovens melhorou”, acrescentou Adriana.
Desalento estável
Embora a taxa de desemprego esteja rodando em 2015 muito acima do patamar registrado no ano anterior, o desalento não cresce no País, segundo Adriana Beringuy. “Ainda que pequena, houve geração de ocupação em novembro”, afirmou. “Está havendo uma geração de ocupação que absorve essas pessoas, ou elas interrompem a busca (por trabalho). O desalento não cresce”, acrescentou.
Em novembro, o comércio não registrou geração significativa de postos de trabalho, o que pode indicar uma expectativa de crescimento menor nas vendas ou contratação de trabalhadores temporários apenas em dezembro.
“Existe a possibilidade de o comércio ter crescimento bastante significativo em dezembro? A princípio sim, porque isso já ocorreu (em anos anteriores da pesquisa). Isso faz com que dezembro seja bastante decisivo para o quarto trimestre no comércio, mas só vamos saber no mês que vem”, encerrou a pesquisadora.