Cidades

Empresa dribla aumento de 400% no reciclável para manter produção de acessórios sustentáveis

A crise econômica agravada pela pandemia de coronavírus atingiu boa parte dos setores produtivos, inclusive o de recicláveis. De acordo com um levantamento feito pela Cooperativa de Catadores de Papel e Papelão e Materiais Reutilizáveis (Coopamare) em parceria com a TV Globo, o quilo do plástico, por exemplo, passou de R$ 1 a R$ 5, ou seja, ficou 400% mais caro, entre o início de 2020 e julho de 2021 – período que compreende o surto de Covid-19.

Isso porque, em um momento de dificuldades financeiras, as pessoas estão descartando menos e vendendo mais resíduos, o que tem gerado uma queda no fornecimento gratuito de materiais recicláveis às cooperativas, elevando os seus valores no mercado.

Outra justificativa para o encarecimento do plástico é que os catadores têm optado, ainda mais, pelas latinhas de alumínio, pois o valor agregado na venda das latas é maior.

Apesar deste aumento no preço do plástico, a Kameleon Bags, empresa especializada na fabricação de mochilas, shoulder bags e malas a partir do reaproveitamento de garrafas PET, tem mantido a sua produção. “Historicamente, fazer e fornecer produtos com um viés sustentável sempre foi mais caro e difícil em relação a um trabalho baseado em materiais convencionais. Com a pandemia, tal situação piorou. No entanto, para nós, não faz sentido trabalharmos de outra forma, mesmo diante das dificuldades”, explica Luciano Pereira, sócio da empresa.

Segundo o empresário, todo o histórico da Kameleon gira em torno da sustentabilidade e esse é um dos motivos de sucesso da marca, que, além de se notabilizar pela produção de acessórios bastante resistentes e personalizados, também possui parcerias com outras grandes empresas e entidades, como Warner, Comitê Olímpico do Brasil, Hello Kitty, Heróis do Bem etc.

“No início da nossa trajetória, atuávamos consertando malas no Aeroporto de Guarulhos, o que já mostrava a preocupação da empresa com o meio ambiente. Hoje, mantemos este pensamento. Tanto que, para fazer uma mala de bordo, por exemplo, reutilizamos 32 garrafas PET de dois litros”, afirma Marco Aurélio, sócio de Luciano.

De acordo com o Ibama, cada garrafa PET de dois litros pode demorar de 200 a 600 anos para se decompor. “Saber que o nosso trabalho causa um impacto tão positivo, preservando a natureza para a atual e as futuras gerações, compensa qualquer dificuldade financeira. Por isso, continuamos firmes na nossa missão, apesar da crise no setor de recicláveis”, completa Luciano.

 

Descarte consciente

Segundo um levantamento feito pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe) e divulgado pela CNN, o Brasil deixa de faturar R$ 14 bilhões por ano com a falta de reciclagem adequada do lixo. O país desperdiça, anualmente, 12 milhões de toneladas de resíduos sólidos que poderiam gerar dinheiro e emprego, mas que acabam sendo descartadas equivocadamente no meio ambiente. A reciclagem atinge apenas 4% de todo o lixo produzido em território brasileiro.

“É necessário criar e incentivar uma cultura de reaproveitamento no país. Os brasileiros precisam se acostumar a separar e descartar corretamente os resíduos, fazendo disso atitudes rotineiras. Desta forma, as pessoas ajudarão toda a cadeia sustentável e irão fortalecer o setor de recicláveis”, finaliza Luciano.

Posso ajudar?