As chuvas de verão têm prejuízos aos empresários do segmento de transporte e logística instalados em Guarulhos e em outras regiões da Grande São Paulo. De acordo com levantamento, assinado pelo Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da Federação das Indústrias e Empresas de São Paulo (Fiesp) e Centro das Indústrias e Empresas de São Paulo (Ciesp), a cada mês de chuvas em excesso há uma perda de R$ 1,3 bilhão ao empresariado. Já os danos causados por enchentes chegam a R$ 2,1 bilhões. A pesquisa ouviu 478 empresas na Grande São Paulo após o fim do verão passado.
Mais da metade das entrevistadas apontaram como os principais problemas atraso na coleta e entrega de produtos, ausência ou atraso de pessoal. A consequência reflete em uma perda de R$ 3,4 bilhões mensais. De acordo com o diretor financeiro do Sindicato das Empresas de Transportes e Cargas de São Paulo e Região (Setcesp), Rogério Helou, o fator preocupante é a impossibilidade de recuperação imediata do prejuízo. "Esse é um dano que as empresas absorvem ao longo do ano. A recuperação imediata levaria a contenções e influenciaria em demissões, o que é desconsiderado pelas empresas", explicou.
Não há como evitar – Na avaliação de Helou, os prejuízos em decorrência das chuvas se estendem mesmo após a estabilidade do clima. Segundo ele, as empresas passam a registrar sobrecarga de trabalho e a um custo maior. O diretor afirma, entretanto, que não há fórmula para se evitar danos em decorrência de chuvas e enchentes, ainda que previstas. "O setor de transportes e logística é muito peculiar. Cada empresa acaba buscando uma alternativa para reduzir os impactos, no entanto, todas aguardam medidas de prevenção do Governo", considerou.
Apesar da reclamação dos empresários instalados na cidade, o diretor do Ciesp Guarulhos, Danielle Pesteli, pondera que o problema não tem raízes no município. Ele aponta omissão do Governo Estadual, responsável pelo rio Tietê, que corta diversos municípios. "Desde 1998, o governo estadual vem propagando medidas para recuperação do rio, por meio de projetos. No entanto, a base principal, que seria a instalação de um sistema de dragagem contínua, não vem sendo aplicada. Enquanto isso, os empresários buscam medidas maquiadoras para o problema, como rotas alternativas e organização de pessoal", acrescentou Pesteli.
Defasagem na coleta e entrega de produtos são os principais problemas contabilizados. A facilidade de acesso a estradas e rodovias, principal atrativo para a instalação de empresas do setor de transporte e logística em Guarulhos, acaba não funcionando como uma vantagem no mês de janeiro, quando são acentuadas as chuvas de verão. Neste período, as empresas registram defasagem na coleta e entrega de produtos por conta de alagamentos e também pela falta de funcionários, que muitas vezes não conseguem chegar aos postos de trabalho devido a enchentes.