Estadão

Empresário que matou policial nos jardins pensava agir em legítima defesa, diz família

A família de Rogério Saladino dos Santos, de 56 anos, que morreu no último sábado, 16, baleado por um policial civil após matar a tiros outra policial, divulgou nota na qual defende o empresário e reclama da conduta da polícia.

Segundo a investigação da polícia, a policial civil Milene Bagalho, de 39 anos, e um colega foram à casa de Saladino, na rua Guadalupe, no Jardim América, em São Paulo, para pedir imagens das câmeras de segurança do imóvel, que poderiam ajudar a esclarecer um assalto ocorrido no dia anterior em uma casa vizinha.

O dono da casa teria ficado com medo de que fosse mais um assalto e, ao abrir o portão, atirou contra Milene. O segundo policial atirou em Saladino. Um vigilante da casa, Alex James Gomes, pegou a arma de Saladino e acabou baleado também pelo segundo policial. Milene, Saladino e Alex morreram.

"Rogério recebia seis amigos em sua residência para um pequeno almoço de confraternização. Por volta das 18h30, Rogério foi alertado por um de seus colaboradores que tudo indicava que estavam sendo alvo de um assalto. Alarmado com o fato de que a residência do seu vizinho havia sido assaltada no dia anterior, Rogério, supondo situação de legítima defesa, desferiu dois tiros para o alto, abriu o portão da garagem e desferiu o tiro que veio a vitimar fatalmente a policial", afirma a nota.

"Na sequência, o próprio Rogério foi atingido e caiu no interior da garagem. Em seguida, segundo relatos, o colaborador Alex, também em situação de possível legítima defesa, se apropriou da arma que se encontrava no chão com intuito de defender Rogério, os amigos e sua própria vida; porém, acabou sendo ele próprio o alvo de outros disparos efetuados pelo policial que acompanhava Milene na operação, culminando com a morte de ambos", segue o texto.

A nota divulgada pela família trata também dos registros policiais que o empresário teve ao longo da vida – segundo a Secretaria de Segurança Pública, ele já foi investigado por homicídio, crime ambiental e lesão corporal. De acordo com o texto, o homicídio decorreu de "um atropelamento ocorrido há mais de 25 anos, no qual Rogério prestou imediato socorro à vítima e assistência à família", e o "suposto crime ambiental (foi) solucionado por meio de um ajuste de conduta com a Justiça do município de Natividade da Serra". A nota não se refere à lesão corporal.

"Rogério sempre foi um empresário respeitado na área de medicina de diagnóstico, um grande empregador admirado por todos seus colaboradores, fornecedores e clientes", diz o texto, que também critica a atuação dos policiais. "Esperamos que a Secretaria de Segurança Pública possa avaliar com costumeiro cuidado e diligência o caso, revendo seus controles para que episódios tão lamentáveis como este não se repitam".

O Estadão procurou a Secretaria de Segurança Pública sobre a nota divulgada pela família Saladino e aguarda retorno.

Saladino era sócio do Grupo Biofast, da área de medicina diagnóstica que está no mercado desde 2002, com filiais em São Paulo, no ABC paulista e em Guarulhos. Ele namorava com a modelo e arquiteta Bianca Klamt e deixa um filho de 15 anos. Também era conhecido em Trancoso, na Bahia, onde tinha uma casa de veraneio e gostava de fazer festas, segundo notas de colunas sociais.

O episódio agora é investigado como homicídio duplo e morte decorrente de intervenção policial pelo Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), unidade da Polícia Civil acionada quando o caso envolve a morte de agentes da corporação. Perícia foi realizada no imóvel, onde os policiais encontraram duas pistolas de calibres .45 e .380, usadas por Saladino e Alex na reação à abordagem policial. No imóvel do empresário, os policiais afirmam ter encontrado 20 envelopes com porções de maconha, haxixe e drogas sintéticas.

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