Em um evento que tem o ministro da Economia, Paulo Guedes, como principal convidado, empresários fizeram um minuto de silêncio em nome da "liberdade de expressão", como reação à operação deflagrada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, contra empresários bolsonaristas a partir de conversas de caráter antidemocrático em grupos de WhatsApp. O seminário, promovido pelo Instituto Unidos Brasil, que reúne diversos empresários apoiadores do ex-presidente, visa debater a desoneração dos salários, uma das pautas defendidas pela entidade. A abertura do evento, porém, foi marcada por duras críticas à operação da Polícia Federal autorizada por Moraes.
"Por pior que sejam as opiniões em questão, manifestadas em um grupo privado, a defesa da livre manifestação está no cerne de nossa democracia", discursou o presidente do IUB, Nabil Sahyoun. "Cabe ao poder público fundamentar suas decisões, quando preciso, e à sociedade cobrar as autoridades em caso de evidente abuso do aparato judicial."
Em tom solene, ele pediu que todos se levantassem para o desagravo. "Eu queria pedir uma reflexão, um minuto de silêncio. A gente tem que ter a nossa liberdade de expressão, eu entendo que ela é inegociável e nós temos que respeitar e continuar lutando pelos nossos direitos", afirmou o empresário.
No evento desta quinta-feira, 1, o ministro da Economia deve falar em um painel ao lado do empresário Flavio Rocha, da Riachuelo, que apoia o presidente Jair Bolsonaro e esteve com seus aliados no debate da TV Bandeirantes, e também do presidente da UGT (União Geral dos Trabalhadores), Ricardo Pattah, que tem sido um dos interlocutores da campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência.
O IUB tem entre seus membros, ainda, nomes como Jorge Gerdau: Alberto Saraiva, fundador do Habibs, e José Carlos Semenzato, do setor de franquias.
Mesmo com nomes ligados ao bolsonarismo, como mostrou o <b>Estadão</b>, o Instituto Unidos Brasil enviou um ofício a Lula para que ele comparecesse, em setembro, a um evento apoiado pela entidade com o setor de supermercados. Ainda não há data definida para tal encontro.
O ex-presidente Lula tem se esquivado do compromisso e chegou a oferecer a presença do ex-governador Geraldo Alckmin (PSB), seu candidato a vice. Patah, entretanto, ainda tenta convencer o petista a comparecer.
A declaração de Sahyoun aconteceu antes da chegada do ministro Paulo Guedes e fez com que a plateia prontamente atendesse ao pedido de desagravo.