Puxadas por pesos-pesados do PIB, as doações de pessoas físicas a partidos e campanhas neste ano superam a marca de R$ 246 milhões. Individualmente, até ontem, 14 empresários doaram mais de R$ 1 milhão, cada, e, com isso, lideram o ranking de doações, conforme dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Pela lei, pessoas físicas podem doar até 10% dos rendimentos brutos do ano anterior à eleição.
O controlador da Cosan, Rubens Ometto, lidera a lista com um desembolso de R$ 5,75 milhões para 24 diferentes destinatários. O PSD é o maior beneficiário. O partido recebeu 35% do total doado pelo empresário. Ometto não fez doações diretas para os candidatos à Presidência.
Candidato ao governo de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), ex-ministro de Infraestrutura de Jair Bolsonaro, recebeu 3,5% do total doado por Ometto. A ex-ministra da Agricultura, também do governo Bolsonaro, Tereza Cristina recebeu 1,8% das doações do empresário. Ela concorre ao Senado. Em nota, a Cosan afirmou que as doações de Ometto são realizadas em caráter pessoal e seguem as regras estabelecidas pelo TSE.
Controlador da empresa de aluguel de carros Localiza, Salim Mattar, ex-secretário de Desestatização do governo Bolsonaro, fez doações que já somam R$ 3,1 milhões, divididos entre 27 candidatos a deputado federal de diferentes Estados. Em São Paulo, o ex-ministro do Meio Ambiente de Bolsonaro Ricardo Salles (PL) recebeu 8% dos recursos. No Paraná, também foi beneficiado o ex-procurador da República e ex-chefe da Lava Jato em Curitiba Deltan Dallagnol (Podemos), com 0,8%.
Mattar afirmou estar apoiando "predominantemente, mas não exclusivamente, candidatos a governador, senador, deputado federal e deputado estadual pelo partido Novo, de cujos valores liberais compartilha e que renunciou ao uso de verba do fundo eleitoral". Destacou também que as doações estão em conformidade com a Justiça Eleitoral.
Na sequência dos maiores doadores está Heitor Vanderlei Liden, vice-presidente da Calçados Beira-Rio, com R$ 2,6 milhões repassados a Roberto Argenta, o dono da empresa calçadista gaúcha e candidato ao governo do Rio Grande do Sul pelo PSC.
Outro nome no topo da lista dos doadores é o do banqueiro Candido Botelho Bracher, ex-presidente do Itaú Unibanco, com cerca de R$ 1,5 milhão distribuído entre 18 candidatos, entre eles Luiz Henrique Mandetta (União Brasil), ex-ministro da Saúde de Bolsonaro que concorre a senador por Mato Grosso do Sul.
No ranking estão ainda o controlador da fabricante de calçados Grendene, Alexandre Grendene (R$ 2,5 milhões), o economista Arminio Fraga, fundador da Gávea Investimentos e ex-presidente do Banco Central (R$ 1,4 milhão), e o industrial de Santa Catarina Ricardo Minatto Brandão (1,2 milhão).
O principal beneficiado pelos recursos de Arminio é o candidato ao governo do Rio de Janeiro pelo PSB, Marcelo Freixo, com R$ 200 mil. O candidato ao Senado Alessandro Molon (PSB) e a candidata à Câmara Tabata Amaral (PSB) também receberam R$ 100 mil cada um. Arminio afirmou que as doações refletem sua "preocupação com os rumos do País". "Tenho dito a conhecidos, especialmente os mais jovens, que é hora de quebrar o porquinho e apoiar", disse.
Freixo é também um dos maiores beneficiados por doações feitas pelos irmãos Walter Salles e João Moreira Salles, ex-acionistas do Itaú Unibanco. Walter desembolsou, no total, R$ 1,15 milhão, sendo R$ 100 mil para Freixo. João doou R$ 1,1 milhão no total.
Nome famoso do mercado financeiro, Luis Stuhlberger, do Fundo Verde, repassou R$ 760 mil para 11 candidatos a deputado federal, sobretudo dos partidos Novo, PSDB e PSD. Abilio Diniz já doou R$ 786 mil, sendo R$ 400 mil distribuídos igualitariamente entre os candidatos ao governo de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos) e Rodrigo Garcia (PSDB). Procurado, o empresário informou que o mesmo valor, de R$ 200 mil, será doado ao candidato do PT, Fernando Haddad, mas ainda não consta no site do TSE.
<b>PRESIDENCIÁVEIS</b>
Uma das bases de suporte de Bolsonaro, empresários do setor agropecuário são presença marcante entre os principais doadores do presidente em busca da reeleição. Já o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem recebido doações pelo partido, sendo o seu maior doador o fundador da operadora de saúde Hapvida, o empresário Candido Pinheiro Koren de Lima.
Procurados, Alexandre Grendene, Luis Stuhlberger, Candido Pinheiro Koren de Lima não quiseram se manifestar. A reportagem não conseguiu contato com Ricardo Minatto Brandão, Walter Salles, João Moreira Salles e Candido Bracher.
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>