A Secretaria de Saúde de Guarulhos promoveu na manhã desta quinta-feira (20), em seu auditório no Gopoúva, o 1º Encontro em Saúde da População Privada de Liberdade do Município. A iniciativa tem por objetivo criar um canal direto entre o corpo clínico das unidades prisionais e os especialistas da rede para a discussão de casos e definição de fluxos de atendimento.
Neste primeiro encontro o tema tratado foi “O manejo clínico da infecção pelo HIV”, com a infectologista do Serviço de Assistência Especializada (SAE) Carlos Cruz, Najara Ataíde de Lima Nascimento. A médica fez uma explanação de como deve ser o acolhimento do paciente com HIV durante a primeira consulta no presídio, sobre os exames que devem ser solicitados em cada consulta e a periodicidade para o acompanhamento da carga viral.
“Hoje em dia é simples tratar tecnicamente o HIV. O grande problema é tratar a doença socialmente, o que está relacionado ao acolhimento do paciente”, destacou a especialista para explicar que na primeira consulta é necessário conquistar a pessoa, para que ele entenda a importância da adesão ao medicamento. “Precisamos convencê-lo de que muitas é preciso ficar ruim para depois melhorar”, disse a infectologista, referindo-se a eventuais efeitos colaterais dos antirretrovirais, medicação que pode ser substituída e adequada a cada caso específico.
Como a população privada de liberdade também é mais vulnerável à infecção por tuberculose, a infectologista também abordou o assunto e destacou a importância do tratamento preventivo (quimioprofilaxia) nos casos de tuberculose latente. Ou seja, quando o indivíduo já entrou em contato com o bacilo, mas ainda não manifestou a doença.
A fala da médica foi complementada pela coordenadora do Programa Municipal de Controle da Tuberculose, Noemi Tomoko Matsuda Lima, que discorreu sobre a portaria ministerial que determina a quimioprofilaxia de tuberculose, assim que descartada a doença, em pacientes infectados pelo HIV.
Participaram do evento representantes das quatro unidades prisionais do município, bem como a farmacêutica Renata Trevisan, da Secretaria de Administração Penitenciária de São Paulo, que elogiou a iniciativa da Prefeitura. “Reconhecer que essa população existe já é muito importante e essa realização do município é ainda mais significante para pensarmos juntos como cuidar dessas pessoas, uma vez que o único direito que elas perderam até o momento foi o de ir e vir”, ressaltou.