Economia

Energisa está qualificada para participar de privatizações, dizem executivos

O encerramento da recuperação judicial do Grupo Rede Energia, homologada esta semana pela Justiça e divulgada nesta sexta-feira, 2, pela Energisa, qualifica a companhia a fazer parte do processo de privatização das distribuidoras, e já é uma mostra da capacidade da companhia em reestruturar concessionárias de energia em dificuldade financeira, na avaliação dos executivos da companhia.

“Nós fazemos parte do 1,1% das empresas que são bem sucedidas nesse tipo de recuperação (judicial). Para nós isso é motivo de orgulho e grande credencial. Reforça o que temos feito ao longo dos últimos 20 anos, de ser bem sucedidos em recuperar tanto companhias como estas (do Grupo Rede), em estresse financeiro, como também para privatização”, disse o vice-presidente Financeiro da Energisa, Mauricio Botelho, em entrevista ao Broadcast, salientando o fato de que a recuperação das empresas, iniciada em 2014, ocorreu num momento delicado do setor elétrico brasileiro e da economia nacional.

A Energisa assumiu o Grupo Rede e suas oito distribuidoras em abril de 2014. De lá até o encerramento de 2015, as distribuidoras reduziram seu endividamento em 39%, passando de R$ 3,9 bilhões para R$ 2,4 bilhões. Além disso, elas saíram de um prejuízo de R$ 566 milhões, em 2013, para um lucro líquido de R$ 380 milhões, em 2015.

Embora tenha admitido o interesse da Energisa em participar das privatizações das distribuidoras administradas pela Eletrobras, Botelho disse que a efetiva entrada da companhia na disputa por esses ativos dependerá das condições da oferta. “Gostaria de ver um caso concreto, real, em condições que acreditamos que deva ser feita a privatização para então chegar a dizer: agora vou participar”, afirmou, lembrando que as distribuidoras administradas pela Eletrobras estão em situação delicada e a própria estatal optou pela devolução das concessões. “É uma situação bem complexa.”

A Energisa chegou a avaliar a Celg-D, considerado o melhor ativo de distribuição da Eletrobras e que seria leiloada em agosto, mas teve o certame cancelado por falta de interessados, que consideraram o preço ofertado alto de mais. Os próprios executivos da Energisa informaram que não participariam do leilão por causa do preço.

Mas não é apenas o preço que precisa ser melhorado para fazer a Energisa voltar a analisar uma compra. O presidente da companhia, Ricardo Botelho, disse que o preço é apenas o primeiro filtro para olhar esses ativos. “Mas não é condição suficiente mexer no preço. Tem obrigações de recuperação, tem balanço de partida, contingências nas empresas”, disse, salientando que outras questões devem ser reavaliadas para atrair o investidor. Ele também defendeu que seria necessário um plano de recuperação para cada distribuidora para que elas possam receber interessados.

Os executivos salientaram que a captação de cerca de R$ 1,5 bilhão, feita recentemente por meio de uma oferta de ações, não visou a ter recursos para aquisições, e embora tenha melhorado a alavancagem, não abriu espaço para absorver novas dívidas.

De acordo com Maurício, o foco atual da companhia ainda é de reduzir o endividamento, tornar a empresa mais saudável, e avançar na melhoria das operações das distribuidoras adquiridas em 2014, anteriormente controladas pelo Grupo Rede.

Conforme explicou Ricardo, as distribuidoras ainda precisam chegar nos níveis regulatórios de qualidade do fornecimento de energia. “Elas estão na trajetória, mas precisamos colocá-las abaixo dos níveis regulatórios”, disse.

Ele comentou também que as empresas estão passando por modernização de sistemas de tecnologia da informação. “É um trabalho grande, tem muitas atividades ainda para colocar essas empresas no mesmo patamar das empresas que temos há vários anos, em termos de eficiência operacional, atendimento ao consumidor… Elas já estão chegando lá,estamos vendo progresso”, afirmou.

A meta da companhia é que até 2018 seja concluída em todas as empresas a migração de sistemas, com processos padronizados, e os indicadores de qualidade do fornecimento e perdas estejam abaixo do patamar regulatório. Para tanto, a companhia deve seguir investindo em patamares próximos dos R$ 1,2 bilhão realizados no ano passado.

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