A pergunta que os professores mais ouviam das crianças durante as atividades era “o que faremos depois?” Além disso, muitas delas já manifestavam dificuldade de concentração, falta de paciência para esperar e interrompiam atividades para começar outras, sem nunca concluí-las.
Esse padrão de comportamento era ainda mais comum entre as crianças de 4 a 10 anos que estudam em período integral no Colégio Mary Ward, no Tatuapé, zona leste paulistana. Preocupada com o desenvolvimento dos alunos, a professora Alexandra Grassini decidiu adotar técnica americana, o mindfulness, para que eles conseguissem “desacelerar” e reduzir a ansiedade.
“Vivemos em uma sociedade que exige que todos estejam sempre conectados, ligados, fazendo alguma atividade. E isso provoca a ansiedade. Não só em adultos, mas repercute também nas crianças”, disse. Segundo ela, os alunos do período integral demonstravam ainda maior ansiedade já que ficam muito tempo na escola e têm muitas atividades.
Ela contou que as crianças tinham dificuldade de terminar as tarefas escolares e sempre estavam ansiosas com as futuras atividades, sem conseguir aproveitar o que faziam no momento. “Era um padrão que os prejudicava, porque eles não curtiam o que tanto esperaram. E, futuramente, as implicações poderiam ser ainda maiores.” Por isso, desde o começo do ano os 29 alunos do período integral passaram a fazer atividades ligadas à técnica americana para melhorar a concentração.
Meditação. São exercícios de respiração e meditação voltados para crianças. Em uma das atividades, as crianças ficam em silêncio para perceber os sons externos que os rodeiam. “No começo, eles ficavam agitados e falavam todos ao mesmo tempo. Depois, foram ficando mais relaxados, mais sensíveis ao que acontecia em volta e ficaram felizes de conseguir perceber tudo isso”, disse Alexandra.
Ela contou que a atividade também aproximou as crianças uma das outras, já que a maioria dos exercícios é feita em grupo. “É uma técnica que favorece o desenvolvimento de habilidades sociais, saber escutar o colega, prestar atenção no outro e no mundo. Também se sentem mais confiantes em compartilhar o que descobriram com os amigos.”
Para ela, a técnica trouxe benefícios no curto prazo, mas deve ajudar os alunos ainda mais nos próximos anos, quando vão vivenciar ainda mais situações de estresse, como provas, cobranças em casa, vestibular. “É uma forma de ensiná-las a lidar com situações de grande pressão. Futuramente, elas poderão recorrer às habilidades que aprenderam aqui para lidar com a frustração.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.