Uma polêmica se instala em Guarulhos a partir do momento em que CDR Pedreira – Centro de Disposição de Resíduos S/A encaminhou ao Conselho Estadual do Meio Ambiente (Consema) a solicitação de um Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto ao Meio Ambiente – EIA/RIMA do empreendimento “Aterro Sanitário de Co-disposição de Resíduos Industriais Classe II A e B". Muitas pessoas – com o objetivo de confundir a população – saíram espalhando que a cidade iria receber um grande lixão, o que não é verdde. O GuarulhosWeb ouviu especialistas para esclarecer as diferenças entre os dois tipos de equipamento.
Isso acontece porque muita gente acha que aterro sanitário e lixão são a mesma coisa: um lugar onde é depositado os resíduos que descartamos diariamente de nossas casas ou dos nossos locais de trabalho. No entanto, há diferenças entre os dois ambientes. O que a CDR pretende implantar em Guarulhos em uma área destinada para isso, segundo o zoneamento do Município, é um aterro sanitário.
“Lixão é um depósito de lixo a céu aberto. Sem qualquer tipo de tratamento do solo e/ou drenagem. Já o aterro é um local preparado e que conta com trabalho de profissionais capacitados, facilitando a reutilização [reciclagem] dos materiais que são jogados fora. Lá, o solo é tratado, possui drenagem de chorume [líquido resultante da decomposição da matéria orgânica] e há a capacidade para captar o gás metano e queimá-lo, ao menos teoricamente”, explicou o engenheiro de materiais André Cardoso, gerente comercial da HYG Consultoria, empresa que atua no segmento de saúde, segurança do trabalho e meio ambiente.
Por causa destas características, um aterro sanitário não é nocivo ao ecossistema como um lixão. Um exemplo disto é a diferença que há no controle do gás metano nestes dois locais. De acordo com a ONG O Eco, especializada em assuntos relacionados ao meio ambiente, o metano é um dos grandes responsáveis pelo efeito estufa, que, por sua vez, provoca o aquecimento da superfície terrestre.
Como afirmou Cardoso, em um aterro sanitário há a preocupação para que os danos causados pelo gás metano sejam amenizados. Algo que não há em um lixão.
Os lixões, na verdade, são locais clandestinos que funcionam como falsas soluções para o descarte de resíduos. Guarulhos, durante algumas décadas, depositou seu lixo em um espaço como esse, no município de São Paulo, numa área próxima ao atual aterro sanitário utilizado pelo município.
As pessoas acreditam que retirar o lixo da área urbana já é o bastante, porém não é. Números divulgados pelo Jornal Nacional, da TV Globo, mostram que os brasileiros despejam 30 toneladas de resíduos, por ano, de forma inadequada. Com isto, os lixões impactam a vida de 77 milhões de habitantes do País – ou seja 37% da população brasileira.
Quem entra em contato com este tipo de ambiente tem, sobretudo, a saúde prejudicada e corre riscos de contrair doenças como: dengue, febre amarela, febre tifoide, cólera, disenteria, leptospirose, malária, esquistossomose, giardíase, peste bubônica, tétano, hepatite, entre outras.
Por isto, é importante que o lixo seja descartado de maneira correta em aterros sanitários regularizados, já que estes locais possuem um rigoroso sistema de controle, diminuindo os impactos negativos ao meio ambiente e à saúde da população. Portanto o aterro sanitário é um empreendimento devidamente licenciado possuindo todos os cuidados e controles ambientais, utilizando técnicas e materiais com obras de engenharia para proteção por toda a vida útil.