A Leishmaniose canina é uma doença infecto-contagiosa grave que atinge os cães, podendo ser transmitida também ao homem. A doença é causada pelo protozoário Leishmania chagasi, transmitido através da picada do mosquito flebotomíneo Lutzomyia longipalpis (mosquito-palha ou birigui) contaminado após picar um animal infectado.
A doença pode desenvolver-se de duas maneiras: a cutânea (forma mais comum, caracterizada por feridas cutâneas persistentes) e a visceral (forma mais severa, onde o parasita desenvolve-se nos órgãos internos como fígado, baço e medula óssea). Entretanto, os sintomas são variados e comuns a outras doenças, sendo os mais frequentes o emagrecimento, anemia, queda de pelo, feridas persistentes na pele que não cicatrizam, crescimento exagerado das unhas, lesões oculares, fraqueza geral e apatia, febres irregulares, insuficiência renal, aumento do fígado e baço.
O diagnóstico é realizado através do histórico do animal (importante saber as cidades onde a doença é mais frequente), exames de sangue que procuram anticorpos anti-Leishmania e biópsia das lesões na pele visando detectar o próprio protozoário microscopicamente.
O tratamento do animal não obtém em geral a cura, mas pode oferecer uma boa qualidade de vida e maior longevidade aos animais afetados. Contudo, o tratamento consegue eliminar os sintomas e estabilizar a progressão da doença, mas os animais continuam transmitindo a doença por toda a vida.
Por isso, a eutanásia de cães soropositivos é uma medida de controle recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), enquanto o tratamento do animal através de medicação humana é considerado proibido pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) com o objetivo de não favorecer a resistência do protozoário no tratamento dos humanos. Assim, a opção pelo tratamento só se dará mediante a confirmação da qualidade clínica do animal associada ao compromisso do proprietário.
No Brasil, o maior número de casos ocorre nas regiões Norte e Nordeste, porém todo o país corre risco de epidemias de Leishmaniose.
A prevenção já pode ser realizada através de vacinação desde 2003, entretanto o programa vacinal deve ser associado à outras medidas de controle, como combate ao inseto transmissor com a aplicação de inseticidas no ambiente e uso de telas em janelas, o uso de produtos repelentes no cão, a educação da população quanto à posse responsável, controle de natalidade canina junto a medidas de saneamento básico.
Rafael Claro Marques
(CRMV-SP 18.849) é médico veterinário e
pós-graduado em Clínica Médica de Pequenos Animais