Estadão

Entidades pedem que Justiça multe X em R$ 1 bi por danos morais coletivos

O Instituto Fiscalização e Controle e a Educafro pediram à Justiça Federal de Brasília que condene a rede social X ao pagamento de R$ 1 bilhão por danos morais coletivos e sociais decorrentes de publicações do bilionário Elon Musk, dono da plataforma, que atentam contra a ordem pública e democrática . Oito advogados, entre Márlon Reis, mentor da histórica Lei da Ficha Limpa, assinam a ação.

A ação foi protocolada nesta quarta, 10, na 14.ª Vara Cível de Brasília.

Em ação coletiva protocolada nesta quarta, 10, as entidades sustentam que os posts de Musk desafiam decisões judiciais e extrapolam a liberdade de expressão, dando voz a grupos internos que recentemente tentaram um golpe de Estado no Brasil .

A ação pede não só a condenação por danos morais, mas também a obrigação de que o Twitter adote uma série de medidas. O Instituto Fiscalização e Controle e a Educafro pedem o bloqueio de R$ 509 milhões correspondentes ao capital social da empresa no Brasil.

O documento é assinado por oito advogados capitaneados por Marlos Reis, jurista que foi o relator da histórica Lei da Ficha Limpa. No documento, eles narram que Musk usou seu perfil no X para afrontar o Estado Democrático de Direito Brasileiro , atitude que configura massiva campanha de desinformação .

A avaliação é que as publicações do empresário extrapolam o exercício da liberdade de expressão em razão do uso de poder econômico para desprezar o Estado Democrático de Direito Brasileiro, insurgindo-se contra decisões judiciais, com a finalidade de insuflar o povo brasileiro em ondas de ódio, desinformação e polarização .

"As declarações do proprietário da rede social X surgem em um momento delicado para o Brasil, que tenta apaziguar as tensões provocadas por setores da extrema direita envolvidos na tentativa de golpe de Estado. Essas palavras, portanto, representam uma afronta grave, não apenas ofendendo o país e o Estado Democrático de Direito estabelecido, mas também tentando desacreditar as instituições democráticas brasileiras", assinalam os autores da ação.

Para eles, em um período onde se busca a estabilidade e a pacificação, tais declarações devem ser vistas como um ato de extremo descompromisso para com as liberdades democráticas, potencialmente inflamando tensões e minando o processo de cura nacional .

As entidades argumentam que as contas de usuários derrubadas por ordem do Supremo Tribunal Federal e do Tribunal Superior Eleitoral estavam envolvidas em atos de ilicitude extrema, que buscavam minar o Estado Democrático de Direito .
Destacam que as decisões de remoção se basearam no fato de que essas contas estavam promovendo discursos e ações que ameaçavam a ordem democrática e a segurança pública no Brasil .

"A conduta de Musk e do X representa instrumentalização de plataformas digitais para fins ilícitos, apontando para grave responsabilidade das empresas e de seus gestores, indicando uma indução e participação em atividades criminosas que atentam contra o tecido democrático da nação", sustenta a ação.

<b>Medidas além da multa</b>

Além da multa de R$ 1 bilhão, o Instituto Fiscalização e Controle e a Educafro pedem que a Justiça imponha ao X um leque de obrigações capaz de impedir a reiteração da sua conduta .

São requeridas ações como a adoção, pela plataforma, de práticas de moderação de conteúdo com a remoção de conteúdos ilegais ou que promovam a desobediência a decisões judiciais, ordem jurídica e democracia , a implementação de um sistema eficaz de cooperação com as autoridades judiciais e a parceria com organizações de checagem de fatos.

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