Um dos interlocutores da chapa Lula/Alckmin com o agronegócio do Centro-Oeste, o deputado federal e candidato ao Senado por Mato Grosso, Neri Geller (PP), avaliou que as falas do ex-presidente e candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre o setor produtivo em entrevista ao <i>Jornal Nacional</i> na quinta-feira, 25, foram "muito boas" e aproximam Lula do setor. "Ele falou três vezes do agronegócio e, inclusive, enalteceu o ex-ministro da Agricultura e empresário do setor Blairo Maggi. Por tabela, sem citar essas palavras, ele falou do crédito no mandato dele, falou da biotecnologia, da implementação do Código Florestal. Foi uma posição muito forte", disse Geller ao <i>Broadcast Político</i>, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado. Geller foi ministro da Agricultura no governo Dilma, de 2014 a 2015.
Para o parlamentar, as referências de Lula ao Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), dizendo que o movimento "não é o mesmo de 30 anos atrás" e que agora está "cuidando de produzir" podem contribuir para o setor diminuir a resistência com o ex-presidente. "Ele (Lula) colocou tudo em pratos limpos que o MST nunca invadiu terra produtiva e ajudou a fazer reforma agrária. Somos testemunhas disso. No governo dele (Lula), não houve nenhuma invasão em terras produtivas. Teve a reforma agrária, mas foi em áreas improdutivas. Mato Grosso é um exemplo disso", afirmou o deputado. "A reforma agrária, desde que dentro da lei, é um instrumento importante para o País e Lula foi nessa linha", acrescentou.
Segundo Geller, os comentários em grupos de redes sociais de produtores, dos quais faz parte, sobre as menções do ex-presidente ao setor foram positivas. "A repercussão foi extraordinária, mas também tem os contras. Lula foi muito pacificador e mostrou que vai retornar o que fez lá atrás, aprovou biotecnologia, mercado internacional, diálogo", disse o deputado.
Sobre a citação de Lula a uma parcela do agronegócio "fascista" e "direitista" que seria contrária ao combate ao desmatamento, Geller evitou comentar os termos usados pelo ex-presidente e disse apenas que a política de defesa ao Pantanal, à Amazônia e à Mata Atlântica defendida por Lula está em linha com as demandas do setor produtivo. "O que nós queremos é fazer abertura (de terras) dentro do que o Código Florestal permite. Queremos ter imagem de sustentabilidade no mercado internacional, o que valoriza a nossa produção. É exatamente isso que queremos. Lula foi muito feliz na sua posição", avaliou Geller.
<b>Cassação e recurso</b>
Nesta semana, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) cassou o diploma do mandato de deputado federal de Neri Geller por abuso de poder econômico e o tornou inelegível por oito anos. Nesta quinta, o parlamentar voltou a afirmar que irá recorrer da decisão e que sua candidatura ao Senado está mantida. "Vou reverter a minha cassação no Supremo Tribunal Federal (STF), porque ela foi extremamente injusta. Esse jogo logo será revertido. Hoje (ontem, quinta-feira), obtive decisão favorável do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de que minha campanha continua sem obstruções", relatou.