Esportes

Entrevista revela a nova cara da arbitragem em Guarulhos

Houve um tempo, num passado não muito distante,que o futebol amador de Guarulhos era terra de ninguém. Árbitros agredidos em quase todos jogos, jogos interrompidos devido a violência, jogos não realizados devido a falta de árbitros que já não queriam mais apitar em Guarulhos, jogos resolvidos na base da intimidação da equipe de arbitragem, agressores identificados, mas, nunca punidos. Esse era o cenário da arbitragem em Guarulhos.
 
Não queremos dizer que tudo mudou totalmente. Ainda temos árbitros sendo intimidados por jogadores e dirigentes, árbitros agredidos, algumas punições que não se concretizam, mas, em números infinitamente menor do que no passado do futebol guarulhense. Hoje, já não vemos mais, jogos cancelados por falta de árbitros, ou árbitros com medo de apitar em Guarulhos. As taxas pagas aos árbitros em Guarulhos, atualmente, é muito semelhante aos grandes campeonatos da Capital paulista.
 
O divisor de águas da arbitragem guarulhense passa pela chega de um jovem árbitro mineiro, da cidade de Ituiutaba a cidade de Guarulhos, no ano de 2005. Observando o cenário de guerra e ambiente desfavorável aos árbitros em Guarulhos, o jovem Lucas Raphael Ferreira – hoje formando do curso de arbitragem da Federação Paulista de Futebol , observador da FPF nos jogos das Séries A1, A2,A3, e campeonato brasileiro, nos jogos envolvendo o trio de ferro da capital, e recentemente convidado pela FPF para ser observador de protocolo, responsável pela organização da entrada das equipes e do trio de arbitragem, no gramado – se juntou ao experiente árbitro guarulhense Osvaldison dos Santos,”o Viola”, para criar a HM Árbitros de Futebol,uma empresa de arbitragem, responsável pela escala de árbitros e a arbitragem dos principais campeonatos da cidade de Guarulhos, atualmente.
 
Nessa reportagem, conversamos com Lucas Raphael Ferreira Lopes, considerado pelos próprios árbitros e organizadores de campeonatos em Guarulhos, como o responsável pelo upgrade da arbitragem em Guarulhos. O jovem árbitro/empresário, fala do início difícil, de casos de violência contra árbitros no futebol de Guarulhos, das mudanças já implantadas na arbitragem guarulhense, e dos novos planos para a arbitragem em Guarulhos.
 
 
 
ebolanarede – COMO, E POR QUE SURGIU A IDEIA DE MONTAR UMA EMPRESA DE ARBITRAGEM?
 
Lucas Raphael – Em meados de 2009, após vivenciar a falência da extinta Liga do Bonsucesso, e presenciar que havia uma rivalidade entre as
 
Ligas Regionais e a Liga principal da cidade, observei que nenhuma delas tinha um departamento de arbitragem. Então, convidei o Osvaldison (Viola), árbitro conhecido e que já atuava em Guarulhos, para começarmos a trabalhar somente com os árbitros, mas, apenas, convidando-os para formar a equipe de arbitragem comigo e com o Viola.
 
ebolanarede – QUAL FOI O PRIMEIRO CAMPEONATO? COMO NASCEU O NOME HM- ÁRBITROS DE FUTEBOL?
 
Lucas Raphael – Nosso primeiro campeonato foi a Copa Presidente Dutra. Competição
 
muito complicada, a violência aos árbitros era constante em cada rodada, e sem nenhum interesse e em punir os infratores. Me lembro de um episódio onde meu irmão foi agredido por uma equipe inteira, e nenhum agressor foi punido. Depois fomos convidados para comandar a arbitragem de uma Copa no campo do Uirapuru, detalhe essa Copa não teve final devido a violência.
 
O nome HM Árbitros de Futebol, surgiu de um trabalho que produzi no primeiro semestre da faculdade, onde era preciso montar uma empresa, então resolvi fazer uma empresa de arbitragem de futebol. Gostei muito da ideia, e assim ficou HM, que significa homens e mulheres árbitros de futebol.
 
ebolanarede –  COMO A HM CHEGOU AOS PRINCIPAIS CAMPEONATOS DA CIDADE?
 
Lucas Raphael – Começamos a abrir portas pela Copa Cecap. Me lembro que chegamos em um campo onde iria ter três jogos complicadíssimos,não havia nenhum árbitro. Enfim, não só realizamos essa partida, como toda a Copa Cecap daquele ano, com sucesso, elogiado pelos organizadores, e por muitas equipes. No mesmo ano, realizamos os campeonatos da Ulafa.
 
ebolanarede – O QUE VOCÊ DIZ SOBRE  SER ÁRBITRO EM GUARULHOS?
 
Lucas Raphael – Certa vez, fui apitar na cidade de Americana , o jogo era um clássico do futebol amador local, com vários jogadores ex-
 
profissionais, foi quando o presidente da Liga local me perguntou de onde eu era. Quando respondi que era de Guarulhos, ele me disse a seguinte frase: “Quem apita em Guarulhos, apita em qualquer lugar”. Essa frase é um marco na minha carreira, e na HM.
 
ebolanarede –    VOCÊ PODE ME DIZER COMO ERA A VISÃO QUE OS ÁRBITROS QUE NÃO SÃO DA CIDADE, TINHAM DO FUTEBOL AMADOR DE GUARULHOS?
 
Lucas Raphael – Quando eu ligava para os árbitros só escutava a palavra “Não”. Frases do tipo: “Lucas, Guarulhos é o último lugar do mundo
 
onde apito. Nessa cidade a única coisa que vence é a violência”. Confesso que ficava com receio, mas não desistia da minha cidade, da cidade que escolhi para viver.
 
ebolanarede – ME FALA DESTA VIOLÊNCIA QUE OS ÁRBITROS TANTO SE REFERIA. ELES TINHAM RAZÃO?
 
Lucas Raphael – Já presenciei muita violência nos campos de Guarulhos, já fui vítima, também. Recebi quatro pontos na minha cabeça, por uma tábua de construção arremessada pelas minhas costas. Tive um árbitro que ficou internado por sete dias, inconsciente. Um outro que foi linchado por uma equipe inteira, e nunca mais apitou. Presenciei um jogador dar um soco na boca de um árbitro da FPF. Enfim, foram tantos casos que eu entendo a preocupação e as razões que afastavam os bons árbitros de Guarulhos.
 
ebolanarede – PERCEBO QUE HÁ UM MOVIMENTO DE CONTROLE À VIOLÊNCIA E PUNIÇÃO AOS INFRATORES. ISSO SEMPRE ACONTECEU EM GUARULHOS?
 
Lucas Raphael – Nem sempre. Porém, depois de uma grave agressão a uma árbitra da FPF, principalmente a Ulafa, através do Cabeção, tem se
 
posicionado a favor das punições. Os árbitros agredidos também tem que ter o compromisso de colaborar, fazendo o relatório dos fatos, registrando o boletim de ocorrência, cópias do atendimento médico, receita de medicamentos, atestado de afastamento de seu emprego, caso haja, para que seja montado um processo administrativo contra o agressor. É sempre bom dizer que, a Ulafa é uma entidade filiada à FPF, já as várias Copas realizadas em Guarulhos, são eventos particulares de responsabilidade do seu organizador, um não tem relação com o outro. Mas, já há um movimento de punição unificada, onde um jogador punido nos campeonatos da Ulafa, também estarão punidos nas principais Copas realizadas na cidade.
 
ebolanarede –  SOBRE A FRASE DITA PELO ESPORTISTA VAL, TREINADOR DO VASCO DA VILA GALVÃO, PUNIDO NA COPA CECAP PELA AGRESSÃO AO ÁRBITRO ROGÉRIO BELO: “ EM GUARULHOS É PRECISO SER BANDIDO PARA SER RESPEITO”. QUAL É A OPINIÃO DA HM, RESPONSÁVEL PELA ESCALA DOS ÁRBITROS?
 
Lucas Raphael – Apenas um desabafo de um dos principais e mais respeitados dirigentes do nosso futebol. Porém, toda e qualquer violência a um pai de família não tem justificativa.Espero que a declaração do Val tenha um impacto positivo no desenvolvimento do nosso futebol, que todos os agressores venham a ser punidos,independentemente do que realiza fora de campo, pois dentro do campo, todos estão sob os princípios das regras do jogo, inclusive, o árbitro.
 
ebolanarede – O QUE VOCÊ ESPERA PARA HM, E PARA O FUTURO DO FUTEBOL AMADOR DE GUARULHOS?
 
Lucas Raphael – Acredito muito no desenvolvimento do nosso futebol. Tenho trabalho muito em outros campeonatos na grande São Paulo e no
 
interior do estado, e afirmo que nossas equipes de Guarulhos não ficam atrás das grandes equipes do futebol amador do estado. Gostaria de citar algumas: A.A.33 do Bela Vista, Vasco da Vila Galvão, Vasco do Paraíso, Garotos do América, União Presidente Dutra, Fogo Na Bomba, e muitas outras. Vejo que o nosso futebol está em pleno desenvolvimento, e a HM está acompanhando essa evolução do nosso futebol.
 
ebolanarede – QUAL É A IMPORTÂNCIA DA HM NESTE DESENVOLVIMENTO DO FUTEBOL GUARULHENSE, CITADO POR VOCÊ?
 
Lucas Raphael – Hoje consigo trazer muitos árbitros que apitam nos principais campeonatos da várzea, isso porque eles ficam sabendo da
 
seriedade do nosso trabalho. Temos investidos em uniformes, rádios comunicadores para os principais jogos, estamos sempre muito próximos dos organizadores dos campeonatos, com o intuito de juntos, buscarmos as melhorias dos nossos campeonatos em Guarulhos.
 
ebolanarede – QUAIS SÃO OS OBJETIVOS DA HM?
 
Lucas Raphael – Viola, Renailton e eu, buscamos para a HM Árbitros de Futebol, que ela se torne uma empresa respeitada por todos os
 
esportistas da cidade, pois uma partida de futebol sem árbitros, vira pelada. Espero que os dirigentes de futebol em Guarulhos entendam que apenas somos parceiros no desenvolvimento do nosso futebol amador. Já que somos abandonados pelos governantes da cidade, temos que se unir para que o futebol de Guarulhos não tome o mesmo caminho dos outros esportes na cidade.
 
ebolanarede –    VOCÊ AGRADECERIA OU HOMENAGEARIA ALGUÉM QUE CONTRIBUIU PARA ESSA MUDANÇA DO FUTEBOL AMADOR DE GUARULHOS, CITADA POR VOCÊ?
 
Lucas Raphael –  A lista seria enorme, mas vou citar alguns nomes, e pedir desculpas àqueles que não serão citados. Agradeço ao Guimarães, o site guimaguarulhos, ajuda muito nesse desenvolvimento do futebol amador de Guarulhos, Felisberto (Cabeção), presidente da Ulafa, que acreditou muito no trabalho da HM, ao Coriolano Fagundes,”O Curió”, o árbitro mais imprescindível do nosso futebol amador; Pires, sempre contribuindo com nossa arbitragem, no Cícero Miranda; Leandro Mendes, filho do saudoso Ditinho, um dos mais corretos organizadores de campeonatos em Guarulhos; Izal e Zafra, organizadores da Copa Cecap; ao árbitro Edson Pimentel, responsável por divulgar aos árbitros da grande São Paulo, àqueles mesmos que dizia que jamais apitariam em Guarulhos, as mudanças positivas que estão ocorrendo no futebol amador de Guarulhos; e a vocês do site ebolanarede, pela divulgação do nosso trabalho, e do campeonato amador de Guarulhos.
 
Mais sobre o futebol amador em Guarulhos no www.ebolanarede.com.br

Posso ajudar?