Estadão

Envio de tropas russas é invasão, diz Casa Branca, sinalizando sanções severas

A Casa Branca começou nesta terça-feira, 22, a se referir ao destacamento de tropas russas ao leste da Ucrânia como uma "invasão", depois de inicialmente hesitar em usar o termo – uma linha vermelha que o presidente Joe Biden disse que resultaria na imposição de sanções severas dos Estados Unidos a Moscou.

Vários líderes europeus disseram no início do dia que tropas russas se moveram para áreas controladas por rebeldes no leste da Ucrânia depois que o presidente russo Vladimir Putin reconheceu sua independência – mas alguns indicaram que ainda não era a tão temida invasão de pleno direito.

Mais tarde, a Casa Branca sinalizou uma mudança em sua própria posição. "Achamos que isso é, sim, o início de uma invasão, a mais recente invasão da Rússia na Ucrânia", disse Jon Finer, principal vice-conselheiro de segurança nacional. "Uma invasão é uma invasão e é isso que está em andamento."

A Casa Branca decidiu começar a se referir às ações da Rússia como uma "invasão" por causa da situação no terreno, disse um funcionário do governo dos EUA que falou sob condição de anonimato à agência <i>Associated Press</i>. O governo resistiu inicialmente a nomear assim o envio de tropas porque a Casa Branca queria ver o que a Rússia realmente faria. Depois de avaliar os movimentos das tropas russas, ficou claro que era uma nova invasão, acrescentou o funcionário.

A secretária de imprensa da Casa Branca, Jen Psaki, também aludiu à ação russa como sendo uma invasão em um post no Twitter comentando a decisão do chanceler alemão Olaf Scholz de interromper o gasoduto Nord Stream 2 em resposta às ações da Rússia.

O presidente dos EUA "deixou claro que, se a Rússia invadisse a Ucrânia, agiríamos com a Alemanha para garantir que o Nord Stream 2 não avance", disse Psaki.

<b>Ocidente prepara sanções</b>

Há semanas, as potências ocidentais se preparam para uma invasão, enquanto a Rússia concentra cerca de 150.000 soldados em três lados da vizinha Ucrânia. Os países alertaram que um ataque causaria muitas perdas, escassez de energia na Europa e caos econômico em todo o mundo – e prometeram sanções rápidas e severas se isso se materializasse. A União Europeia e o Reino Unido anunciaram na terça-feira que algumas dessas medidas estão chegando.

Líderes ocidentais há muito alertam que Moscou procuraria um motivo para invadir – e exatamente esse pretexto apareceu na segunda-feira, quando Putin reconheceu como independentes duas regiões separatistas no leste da Ucrânia, onde tropas do governo lutavam contra rebeldes apoiados pela Rússia em um conflito que matou mais de 14.000 pessoas.

O Kremlin então elevou as apostas ainda mais na terça-feira, dizendo que o reconhecimento se estende até mesmo às grandes partes agora detidas pelas forças ucranianas.

Líderes dos Estados Unidos e da Europa condenaram a decisão de Putin na segunda-feira de reconhecer as regiões separatistas, as chamadas Repúblicas Populares de Donetsk e Luhansk, criadas depois que a Rússia fomentou uma guerra separatista no leste da Ucrânia em 2014.

O governo Biden estava debatendo na manhã desta terça-feira quais sanções desencadear contra Putin, seus associados e o sistema financeiro da Rússia, segundo informou o <i>The New York Times</i>. Os Estados Unidos enfrentam uma tarefa difícil, ao mesmo tempo em que tentam deixar claro que as ações de Putin no leste da Ucrânia não ficarão impunes, enquanto deixam em aberto a opção de impor mais sanções caso Putin ataque o resto do país.

<b>Discurso</b>

A Casa Branca informou que o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, fará um discurso sobre a situação na Ucrânia às 15h desta terça (pelo horário de Brasília). (Com agências internacionais).

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