O presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, garantiu que os leilões de energia A-5, A-3 e de Reserva esperados para este ano vão acontecer, embora estime uma demanda baixa para os dois primeiros. Diante do cenário de economia fraca, a EPE vai revisar para baixo sua previsão de demanda por energia elétrica no País para os próximos cinco anos e já admite uma queda no consumo em 2016.
Até aqui, a EPE trabalhava com uma perspectiva de crescimento de 1% na demanda por energia em 2016. “Certamente será revisto para baixo. Existe uma possibilidade de ser negativo”, afirmou Tolmasquim em entrevista no seminário O Acordo de Paris, realizado pelo Museu do Amanhã e pelo Observatório do Clima, nesta sexta-feira, 4, no Rio.
Para o período 2015-2020, a média calculada por EPE e Operador Nacional do Sistema (ONS) era de alta de 3,6% ao ano no consumo. A mudança nas projeções deveria ocorrer na revisão ordinária prevista para maio, mas poderá ser antecipada em um mês. “(o consumo) Vai continuar se expandindo, mas num ritmo menor do que se previa antes”, disse.
Os leilões A-3 e A-5 negociam contratos com início de fornecimento em três anos (2018) e cinco anos (2021), respectivamente. Nesta semana, o Ministério de Minas e Energia (MME) remarcou o leilão A-5 de 31 de março para 29 de abril, para que o leilão ocorra após a primeira etapa do leilão de linhas de transmissão, em 13 de abril. O leilão A-3 ainda não tem data marcada.
Energia de Reserva
De acordo com Tolmasquim, o Leilão de Energia de Reserva deverá ficar para o início do segundo semestre. Três fontes serão contratadas: Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) e microcentrais (CGHs), eólica e solar. A dúvida é se será um único leilão ou dois seguidos, um reunindo projetos de energia solar e PCHs e outro com energia eólica e solar. “Vamos ter todos os leilões, mesmo com a demanda baixa”, disse.
Segundo Tolmasquim, ainda não está definido o volume a contratar no leilão de reserva, que trabalha com uma energia adicional à das distribuidoras. A manutenção do leilão, destaca, é importante para tranquilizar os fornecedores de equipamentos dessas fontes de energia alternativa, como eólica e solar. No caso do leilão de A-5 e A-3, tudo dependerá da demanda das distribuidoras. Como atualmente elas estão sobrecontratadas em função da atividade desaquecida, ele acredita que a procura será baixa. “Hoje a gente tem um excedente estrutural de energia muito grande. Você não vai construir usinas desnecessariamente, porque é um custo que o consumidor terá que pagar”, disse.
Abengoa
O presidente da EPE acredita que a solução para a espanhola Abengoa, em pré-recuperação judicial, deve vir de um grupo privado. Nesta semana, o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, disse que há dois grupos estrangeiros interessados nos ativos da Abengoa no País.
Uma das linhas de transmissão detidas pela empresa é a que vai escoar energia da usina de Belo Monte para o Nordeste. Ao todo, a Abengoa possui projetos que somam 6,1 mil quilômetros de linhas de transmissão.
De acordo com Tolmasquim, é importante que a questão com a empresa tenha uma solução rápida para reduzir o risco de problemas no escoamento de energia das usinas do Norte ou de usinas eólicas do Nordeste. “O ideal seria que houvesse uma solução ainda no primeiro semestre”, disse. Segundo ele, há mecanismos para escoar grande parte da produção de energia da usina de Belo Monte, mas tudo depende da rapidez da solução.