De um lado, estatísticas oficiais. De outro, a realidade. Não passa um programa sensacionalista nas tardes e início das noites sem que, pelo menos uma vez, o nome de Guarulhos não esteja no foco das câmeras das grandes emissoras de TV. Para muita gente, isto não é novidade. Afinal, a cidade – quase sempre – só é citada pela chamada grande mídia por causa das desgraças que acontecem neste lado da Grande São Paulo.
Nesta segunda-feira, a Secretaria Estadual de Segurança Pública divulgou suas estatísticas mensais, apresentando os dados fechados do mês de junho. E o acumulado dos primeiros seis meses do ano. A notícia boa: Guarulhos apresentou queda de 30,3% no número de homicídios em relação ao mesmo período de 2014. Estupros? 14% a menos neste primeiro semestre. Motivos para comemorar? Nenhum.
Seriam números fantásticos se eles significassem mais segurança para a população. Se as pessoas de bem pudessem sair às ruas sem a impressão de que serão as próximas vítimas.
Guarulhense está apavorado com crimes
Enquanto a Segurança Pública divulgava os números “maravilhosos”, em Guarulhos, mais precisamente no Jardim Presidente Dutra, na segunda feira, a polícia recolhia os corpos de pai, mãe e de um filho, mortos ainda na sexta-feira dentro da casa onde viviam. Uma das hipóteses é que teriam sido vítimas de latrocínio.
Bruno Gonçales Lima, de 24 anos, tinha uma tolha de banho cobrindo o rosto. Havia marcas de 20 perfurações no abdômen e pescoço. Nelson Franco de Lima, de 60 anos, estava em um banheiro com o corpo parcialmente coberto por um tecido vermelho com aproximadamente 6 perfurações no peito.
A última vítima encontrada foi Luci Aparecida Gonçales Lima, de 57 anos, que estava deitada na cama do quarto do casal e vestia um pijama. Coberto com um lençol, o corpo apresentava quatro perfurações.
Mensagens demonstram insatisfação e ódio
Em mensagens enviadas ao GuarulhosWeb, via WhatsApp ou postadas no Facebook do portal, diversos guarulhenses demonstram o grau de insatisfação com a segurança pública e a vontade de promover “justiça” com as próprias mãos. Diversas postagens incentivam o linchamento de possíveis estupradores, sempre que uma notícia sobre a prisão de algum suspeito é publicada.
A sensação é a de que não existe confiança nas autoridades. Desde que uma câmera flagrou um homem em um Celta prata atacando uma mulher no Parque Mikail, na madrugada de 11 de julho, estuprando-a em seguida no Parque Primavera, o tema passou a ser bastante explorado. O retrato falado do que passou a ser chamado “estuprador de Guarulhos” não parou mais de ser divulgado.
O 9º DP, responsável pelas investigações, recebeu dezenas de denúncias de possíveis suspeitos, pessoas que – de alguma forma – se assemelham a imagem divulgada ou por terem um veículo do mesmo modelo e cor do suspeito. Novas vítimas surgiram. Dois ou três escaparam de ser linchados por populares. Mas nenhum foi reconhecido. Nesta semana, um mecânico acabou preso depois de ameaçar estuprar duas mulheres na região dos Pimentas. Usava um Ka vermelho, que pertencia a uma locadora de veículos. Porém, este não tinha qualquer semelhança com o estuprador de Guarulhos.