Economia

Episódio em Cubatão revela situação dramática da siderurgia, avalia IABr

O episódio da Usiminas em Cubatão, São Paulo, mostra a gravidade da situação que o setor siderúrgico está vivendo e vem sendo alertada há algum tempo ao governo, diz o presidente executivo do Instituo Aço Brasil (IABr), Marco Polo de Mello Lopes. A decisão da empresa de fechar a unidade até janeiro significará a demissão de 2 mil trabalhadores diretos e pelo menos outros 2 mil ligados à cadeia do aço na região.

De acordo com Lopes, o IABr trabalha em uma nova pesquisa para traçar o diagnóstico da situação do setor. “Asseguro que será ainda mais dramática”, disse durante o congresso da Associação Latinoamericana do Aço (Alacero), em Buenos Aires, Argentina.

O balanço divulgado no meio do ano pelo IABr revelava que, até junho, 20 unidades em siderúrgicas estavam paradas e o setor havia demitido 11,2 mil pessoas e colocado em regime de layoff (suspensão de contratos) outros 1,4 mil. A previsão era de pelo menos mais 4 mil demissões até o fim do ano. Com o episódio de Cubatão a situação deverá se agravar.

As siderúrgicas vêm sofrendo com o excesso de capacidade de aço no mundo e uma inundação de importações de produtos a preços muito abaixo do de mercado vindos da China. O IABr vem alertando sobre a concorrência desleal com o País e outros mercados como a Turquia, que tiveram suas moedas desvalorizadas artificialmente.

As siderúrgicas pedem medidas de defesa comercial, como salvaguardas, e ajuda no acesso a mercados externos. Entre outros pontos, buscam a recomposição da alíquota do Reintegra, medida de compensação tributária às empresas, que foi praticamente zerada.

Para Lopes, é possível que a gravidade do caso Usiminas sensibilize as autoridades e abra mais espaço para que o governo se mobilize em relação ao que o executivo classifica de “desidratação monumental da indústria” nos últimos anos.

“Temos que poder exportar de forma competitiva, já que o mercado interno não tem previsão de recuperação”, disse. Responsáveis por 85% do consumo doméstico de aço, os setores da construção civil, linha branca, máquinas e equipamentos e automotivo enfrentam um momento de crise.

Na semana passada o presidente da Usiminas, Rômel de Souza, foi chamado ao gabinete do ministro do Trabalho, Miguel Rossetto. Desde às 5h30 desta quarta-feira, 11, manifestantes realizam um protesto contra a decisão da Usiminas de paralisar a produção de placas de aço da usina em Cubatão (SP).

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