Economia

Era de juro negativo está perto de seu fim, pelo menos nos EUA, diz Ilan Goldfajn

O indicado à presidência do Banco Central (BC), Ilan Goldfajn, afirmou nesta terça-feira, 7, que o cenário atual é desafiador, com níveis de instabilidade econômica e política, ressaltando que situação econômica exige atenção. “Há problemas estruturais e conjunturais e o ambiente internacional também é desafiador”, disse, durante participação em sabatina da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado.

“Era dos juros negativos está perto de seu fim, pelo menos nos Estados Unidos”, disse, ressaltando que período de ventos favoráveis no ambiente internacional já passou. Ele ressaltou que o País vive uma das piores recessões da história, mas demonstrou confiança de que quadro interno pode se reverter.

Para ele, a recuperação da economia passa por gestão competente, responsável e previsível. “A credibilidade das políticas e dos gestores é fundamental”, afirmou. Para ele, governo está claramente imbuído no esforço de levar à frente reformas. “A administração do ministro Meirelles está ciente para retomar credibilidade fiscal, trabalha para devolver confiança. Segundo ele, atuação será autônoma e harmônica entre Fazenda e BC.

O economista disse ainda que o País não está em quadro de estagflação, com queda da atividade e inflação em alta. “Estamos em período de recessão, uma recessão profunda, uma das piores da história”, disse. Ele explicou que a inflação subiu no ano passado por dois choques relevantes – o de preços administrados e a depreciação no câmbio.

Questionado se irá trabalhar pela queda dos juros, mesmo com a inflação acima da meta, Ilan se limitou a dizer que decisões serão tomadas no momento certo, nas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom), onde fatores que impactam na inflação serão levados em conta e analisados.

O executivo ainda agradeceu os servidores do BC, que o ajudaram quando trabalhou na diretoria da autoridade monetária entre 2000 e 2003. Também agradeceu Armínio Fraga e Henrique Meirelles, que foram presidentes do BC enquanto foi diretor. O economista agradeceu ainda ao atual presidente do Banco Central Alexandre Tombini pela dedicação e espírito público.

Ilan assumiu o compromisso de, uma vez aprovada sua indicação, atuar com base nas melhores práticas e informações. “Tomarei decisão de forma isenta ética e honrada, apoiada na excelência do corpo técnico do BC.”

Condição essencial

Ele afirmou que a economia brasileira conta com um “robusto arcabouço” para combater a inflação, que é o regime de metas. Também destacou que o Banco Central precisa manter e aprimorar a sua autonomia, missão que conta com o apoio do presidente em exercício Michel Temer (PMDB), segundo o economista.

“Contamos com robusto arcabouço, que já comprovou eficácia, tanto no Brasil quanto em outras jurisdições, que é o sistema de metas para inflação”, disse Ilan, em sua fala inicial na audiência. O economista destacou ainda que o BC tem capacidade plena para perseguir a meta de inflação estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional, que neste ano é de 4,5%, com dois pontos porcentuais para mais ou menos de tolerância. Para 2017, a banda foi reduzida para 1,5 ponto para mais ou menos.

“Os limites de tolerância estabelecidos servem para acomodar choques que não permitem volta ao centro da meta em tempo hábil”, ressaltou Ilan.

O economista, que já foi diretor de Política Econômica do BC entre setembro de 2000 a julho de 2003, destacou que é “fundamental” gerenciar as expectativas do sistema de metas. “É importante que expectativas indiquem no presente trajetória de convergência à meta num futuro não muito distante”, disse.

Autonomia

A manutenção e o aperfeiçoamento da autonomia do Banco Central também foram destacados pelo economista indicado ao posto. “Quero assumir o compromisso inarredável, caso seja aprovado, de manter rigor e excelência do Banco Central. Atualmente, o sistema financeiro se encontra sólido, líquido e bem capitalizado para essas funções, e considero imprescindível manter e aprimorar autonomia do BC. Não se trata de desejo pessoal, mas de um bem para sociedade”, disse.

Segundo ele, o aprimoramento da autonomia da autoridade monetária é importante para pavimentar um caminho de retomada na confiança, queda no risco País e retomada do crescimento.

“Temer estabeleceu, como requisito para retirar status de ministério (do Banco Central), estabelecimento de autonomia técnica para seguir regime de metas”, disse o economista.

Elogios

O relator da indicação do economista Ilan Goldfajn para a presidência do Banco Central na CAE do Senado, Raimundo Lira (PMDB/PB), afirmou que o executivo é uma pessoa preparada para assumir a presidência da instituição. Ele questionou o indicado sobre se inércia inflacionária não está subestimada pelos analistas do mercado e se ele continuará defendendo a baixa dos juros sem que a inflação esteja no centro da meta.

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