O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, declarou nesta quarta-feira que a votação no Parlamento Europeu sobre a possibilidade de congelar o processo de acesso do país na União Europeia “não tem valor” para os turcos. Os legisladores da UE devem realizar a votação, que não tem poder de lei, nesta semana.
O processo de entrada da Turquia pode ser suspenso após a grande onda de repressão no país desde um fracassado golpe militar em julho. Países da UE mostraram sérias preocupações com a atitude oficial, que resultou em grandes expurgos no funcionalismo público de pessoas com supostas ligações com um clérigo que vive nos EUA e é apontado como culpado pelo golpe. Foram também presos jornalistas e políticos favoráveis aos curdos e centenas de meios de comunicação e organizações da sociedade civil foram fechados.
Alguns países da UE pediram a suspensão das conversas para entrada da Turquia na UE, mas o bloco tenta chegar a um denominador comum que possa equilibrar a necessidade europeia de ajuda de Ancara para barrar centenas de refugiados que buscam a Europa e as preocupações com os abusos contra os direitos humanos.
Durante reunião anual da Organização para a Cooperação Islâmica em Istambul, Erdogan disse que “aos nossos olhos, esta votação não tem valor”. Segundo ele, a Turquia luta por estabilidade e um futuro e “isso não será interrompido” por legisladores europeus “levantando e abaixando suas mãos”. Para Erdogan, a Turquia mostrou que “arriscará sua vida pelos seus direitos, pelas liberdades e por sua honra”.
O líder turco frequentemente acusa a UE de aplicar “duplos padrões” no caso da entrada da Turquia na UE. Ele também acusa vários países do bloco de apoio a militantes turcos e a outros grupos violentos que atuam em seu país.
Erdogan sugeriu que a Turquia poderia realizar um referendo sobre o futuro das negociações com a UE e que a Turquia poderia ingressar na Organização de Cooperação de Xangai, que inclui Rússia e China, como uma alternativa ao bloco europeu.
Em Berlim, a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, disse que é importante manter os canais de comunicação abertos com a Turquia. Segundo ela, porém, isso não deve ser um obstáculo para criticar os “eventos alarmantes” ocorridos no país. Merkel ainda ressaltou que Berlim se opõe a “qualquer forma de terrorismo”. Fonte: Associated Press.