O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, declarou nesta segunda-feira, 2, que exigirá um cessar-fogo na Síria durante uma reunião com seu colega russo Vladimir Putin, marcada para quinta-feira, 5. O líder turco aumentou a pressão sobre os europeus dizendo que "milhões" de migrantes se dirigirão "em breve" à Europa caso não haja uma trégua.
Os líderes devem discutir os recentes embates na província de Idlib (noroeste), na Síria, que registra intensos combates e uma catástrofe humanitária.
Após semanas de escalada na região, a Turquia informou no domingo, 1, que lançou uma grande ofensiva contra o regime de Bashar Assad, apoiado por Moscou, derrubando dois de seus aviões. "Vou a Moscou e discutirei os acontecimentos (na Síria) com Putin. Espero que ele tome as medidas necessárias, como o cessar-fogo, e que encontremos uma solução para esse assunto", afirmou Erdogan, em discurso em Ancara.
Com o objetivo de obter mais apoio ocidental, a Turquia anunciou na sexta-feira, 28 a abertura de suas fronteiras com a Europa para permitir a passagem dos migrantes em seu território. "Desde que abrimos nossas fronteiras, o número de pessoas se dirigindo para a Europa atingiu centenas de milhares. Em breve, esse número será expresso em milhões", afirmou Erdogan.
A reação veio em seguida. "É inaceitável que o presidente Erdogan e seu governo não expressem seu descontentamento diretamente a nós, a UE (União Europeia), mas se aproveite dos refugiados", disse a chanceler alemã, Angela Merkel.
Segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM), mais de 13 mil refugiados estão ao longo dos 212 quilômetros da fronteira terrestre greco-turca. "As portas estão abertas. Vocês terão agora que carregar sua parte do fardo", ameaçou o líder turco.
Enquanto o encontro entre Erdogan e Putin se anuncia tenso, o Kremlin enfatizou ontem "grande importância" da cooperação entre Ancara e Moscou na Síria. A Turquia apoia grupos rebeldes e a Rússia o regime de Assad – que busca a retomada a todo custo de Idlib. Ontem, o governo sírio declarou que vai repelir "a flagrante agressão turca", se referindo aos aviões derrubados. A ofensiva do regime em Idlib provocou grave crise humanitária, deslocando quase um milhão de pessoas. (Com agências internacionais).
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>