Erwin Theodor Rosenthal nasceu em Frankfurt, terra de Goethe, em 30 de junho de 1926, e veio com a família para o Brasil ainda criança. Foi aqui que construiu sua vida e uma carreira que o transformaria em um dos principais germanistas do País – mas não só. Ele foi, ainda, professor de língua e literatura alemã, ensaísta, jornalista, tradutor, escritor, membro da Academia Paulista de Letras (eleito em 1986) e, por muitas décadas, colaborador dos suplementos culturais do jornal “O Estado de S. Paulo”. Erwin Theodor morreu dia 4, aos 90 anos.
Sua trajetória profissional começou quando ele, aos 21, acumulou a função de professor secundarista e de jornalista. Entre 1947 e 1958, lecionou no Liceu Pasteur, Porto Seguro, Dante e Colégio Estadual de São Paulo. E passou pela redação de A Gazeta, na qual atuou primeiro como tradutor e depois como repórter.
Erwin Theodor deu aulas em universidades de cidades diversas ao redor do mundo, entre as quais Minnesota, Assis, Berlim, Colônia e Lisboa. Em São Paulo, passou a vida na USP, onde se formou, em 1950, em Letras Anglo-germânicas e deu seguimento às suas pesquisas. Ali, foi professor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, conquistou a cátedra de Literatura Alemã, em 1964, e ocupou cargos administrativos de liderança pelos cursos por onde passou ao longo dos anos.
Seu início como professor da USP coincide com suas primeiras colaborações ao jornal. Erwin Theodor começou a escrever no jornal em 1959 e, até o fim da década de 1990, publicou textos sobretudo acerca de autores de língua alemã, entre os quais Friedrich Schiller, Franz Kafka, Gotthold Ephraim Lessing, Hermann Hesse, Thomas Mann e tantos outros. Escreveu, ainda, sobre educação e outros temas.
O intelectual deixou uma importante obra, composta por alguns títulos que se tornaram referência. Um exemplo é Tradução: Ofício e Arte, de 1976. Erwin foi, aliás, tradutor de grandes nomes da literatura germânica, como Von Martius, Walter Benjamin e Nietzsche. Em 1958, publicou Viagem Pela América do Norte e no lançamento, em 1958, concedeu entrevista ao jornal “O Estado de S. Paulo” em que dizia ter voltado “admirado” dos Estados Unidos porque havia conhecido um país para além de seus clichês, e contou que, na obra, evitou manifestações políticas e tentou apenas apresentar o indivíduo americano. Essa viagem foi feita no período em que o autor ganhou uma bolsa de estudos lá.
Já em 1980, ele lançou A Literatura Alemã, em que apresentava e interpretava suas principais tendências e peculiaridades e debatia questões como sob quais condições se desenvolveu a literatura alemã, em que reside a essência dos séculos 14 e 15, suas transformações e interpretações.
Publicou ainda, em 1991, Perfil e Sombras – Estudos de Literatura Alemã, coletânea de estudos breves sobre autores diversos escritos logo após a leitura de suas obras. Seus livros são encontrados em sebos e sua obra era elogiada pelo estilo simples, claro, conciso e elegante empregado pelo autor.
Destaca-se em sua trajetória, e bibliografia, a descoberta, em 1990, de um manuscrito inédito do botânico Carl Von Martius (1794-1868), que veio ao Brasil em 1817 em comitiva austríaca – até 1920, o grupo percorreu o País, do Rio de Janeiro ao Amazonas, realizando estudos.
Impressionado pela experiência, escreveu Frey Apollonio, Um Romance do Brasil, o inédito encontrado por Erwin Theodor na Biblioteca de Estado da Baviera – o material estava lá, intocado, desde a doação de seus herdeiros, em 1967. Escrito em gótico, em 1831, e perdido entre inúmeros manuscritos, este é um dos primeiros romances sobre o Brasil. Erwin Theodor foi responsável pela adaptação da obra para o alemão contemporâneo e por sua tradução para o português. Dois anos depois, a obra era lançada nos dois países.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.