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Escalada na violência

Alguma coisa não anda bem em nossa segurança pública. E o aumento dos crimes, conforme vem divulgando recentemente, e amplamente, a imprensa, mostra que é preciso haver mudanças.


 


Não se pode mais, apenas, pensar no aumento do policiamento. O antigo discurso malufista “vou botar a Rota na rua!” já não funciona. Também não basta só aumentar o número de viaturas.


 


O que está faltando, na segurança pública nos municípios, nos Estados e no País, em geral, é uma política efetiva, estudada, planejada e integrada. Em termos de integração, não se vê, por exemplo, uma ação efetivamente articulada entre Guardas Municipais, Polícia Civil, Polícia Militar e Polícia Federal.


 


Evidentemente que ninguém pode ignorar o peso dos problemas sociais na questão da segurança. Mas esse é apenas um aspecto do problema. Outro aspecto é a frouxidão das leis. Autores de crimes graves acabam ficando pouco tempo presos. E nossos presídios, esse é outro problema sério, não regenera ninguém faz muito tempo.


 


O Brasil tem, em alguns casos, obtido avanços. No Rio de Janeiro, por exemplo, a instalação de UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) deu excelentes resultados, porque, com a chegada a força policial, chegaram também serviços públicos para a população, chegaram investimentos, chegaram obras de urbanização.


 


Porém, os exemplos positivos não se esgotam com as UPPs do Rio. A cidade de Bogotá, capital da Colômbia, era uma das mais violentas do mundo. A firme intervenção do Estado, a adoção de medidas pontuais e a mobilização da população melhoraram em muito a segurança pública local.


 


No mundo todo, o crime se especializa e se sofistica. Isso obriga as forças policiais a melhorarem também sua estrutura, os salários, as táticas de prevenção e as formas de repressão.


 


Estamos em plena campanha eleitoral, em todos os municípios do Brasil. Até agora, não vi um debate sério e consistente sobre segurança pública. Nossos candidatos têm o dever de colocar esse assunto em debate, de ouvir sugestões, de formular propostas, enfim, de dar algum tipo de expectativa positiva para a nossa população.


 


O secretário de Segurança do Estado de São Paulo acaba de passar à imprensa seu diagnóstico da situação. Ele diz: “Lamentavelmente, é a escalada da violência”. Mas sobre o que fazer, como fazer, com quem fazer e que resultados se pode esperar, o secretário se calou. Com esse tipo de comportamento, a tal escalada tende a piorar. Quem viver verá.


 


 


José Pereira dos Santos


Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região


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