Em tempos de crise econômica, aumenta a preocupação dos pais e das escolas particulares com o peso das mensalidades no orçamento doméstico. Uma das estratégias que ganham força é a contratação de seguros educacionais – pacotes que cobrem as parcelas em caso de desemprego, invalidez ou morte dos pais.
Esse tipo de seguro também é usado no ensino superior privado. Geralmente, o serviço é contratado pela própria escola, que funciona como ponte entre os responsáveis financeiros e a seguradora. O valor, que varia entre 1% e 3% do preço da mensalidade, já é incluído nas parcelas pagas pelas famílias.
Os pais ainda podem optar por taxas extras, que cobrem os custos da escola em casos de repetência, por exemplo. Há ainda modalidades em que a seguradora se encarrega de bancar o curso pré-vestibular e até a formatura.
No pacote convencional, quando um dos pais morre, a seguradora assume as parcelas mensais até o fim da educação básica ou da etapa escolar, a depender do formato do contrato. Se um dos responsáveis perde o emprego, as parcelas são pagas pela seguradora por um período que costuma variar de três a seis meses, estimativa de tempo para recolocação no mercado.
Alívio
José Clemente Pires, de 48 anos, foi demitido em abril, mas a mensalidade escolar da filha foi uma dor de cabeça a menos. “O colégio havia falado sobre o seguro na matrícula, mas nem me lembrava que podia usar nesse caso”, diz o arquiteto de tecnologia de informação.
Sua filha Bruna, de 7 anos, estuda no Colégio Santa Maria, no Jardim Marajoara, zona sul da capital. O pacote custeia cinco meses de mensalidade para desempregados. “Foi um alívio. Eu nem durmo se tenho pagamentos em atraso”, conta. “Como a educação da minha filha é prioridade, eu ia pagar a escola de qualquer jeito e cortar outros gastos. Mas isso iria comprometer os recursos que tenho para me manter agora”, acrescenta Pires, que continua desempregado.
Segundo Antônio Camargo, gerente financeiro do Santa Maria, cerca de 90% dos pedidos de seguro na escola são por perda de trabalho. “Não cobramos taxa extra. Além de proteger alunos, é bom para reduzir a inadimplência”, explica. Com a medida, a queda nos calotes ficou entre 2% e 3%.
As escolas também recorrem a outros seguros. Se o aluno sofre acidente dentro do colégio, há cobertura das despesas hospitalares. Caso se afaste por motivos de saúde, há a possibilidade até de bancar um professor para aulas particulares em casa. Nos últimos anos, também cresceu nas escolas privadas a busca por seguros antibullying. Além de bancar indenizações a vítimas, as seguradoras podem arcar com gastos de advogados e tratamentos psicológicos.
O Colégio Humboldt, em Interlagos, também na zona sul, é outro que oferece o pacote de seguro por morte, invalidez e desemprego. Nos outros anos, o seguro era facultativo. A partir de 2015, foi incluído no preço da matrícula. “No princípio, os pais hesitaram. Passados dois meses, recebi muito apoio”, afirma Harold Groenitz, diretor executivo do Humboldt. Segundo Groenitz, o preço do seguro foi incorporado aos gastos do colégio.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.