A disseminação de mensagens por redes sociais anunciando possíveis novos ataques a escolas levou instituições de ensino da capital federal e forças de segurança do Distrito Federal a reforçarem a seguranças. No fim de março, quatro professoras e um aluno foram esfaqueados dentro de uma escola na zona oeste de São Paulo. Uma das professoras morreu após uma parada cardíaca. Na semana seguinte, quatro crianças foram mortas em um ataque a uma creche em Blumenau. Já em Brasília foram registradas supostas ameaças em algumas unidades de ensino, o que mobilizou agentes das polícias Militar e Civil.
Na segunda-feira, 10, um menino de 14 anos foi apreendido após ameaçar um massacre em uma escola no Paranoá, região administrativa do Distrito Federal. "Amanhã os alunos do Centro de Ensino Fundamental 01 do Paranoá terá sic uma surpresa", dizia o texto divulgado nas redes sociais pelo adolescente. Nenhum ataque, contudo, foi registrado. Uma viatura da Polícia Militar chegou a ficar destacada na porta da escola.
O Diretório Central dos Estudantes do Ceub divulgou ter recebido informações sobre um possível ataque a alunos dentro da instituição que seria realizado nesta quarta-feira, 12. Uma publicação feita no Instagram alerta que o Ceub estaria "como alvo de um desses ataques malucos com faca/arma que estão tendo aí". A instituição cobrou medidas da Secretaria de Segurança do Distrito Federal hoje e nos próximos dias. "Ademais, solicitamos que seja revisada a veracidade das informações e que, em caso de notícia falsa, os responsáveis sejam responsabilizados, uma vez que tal notícia trouxe insegurança e medo aos discentes", pontua a nota dos estudantes.
A Universidade de Brasília (UnB) também está com a segurança reforçada após ameaças registradas nessa segunda-feira. Imagens do autor foram entregues para a Polícia Federal e para a Polícia Civil. As aulas, contudo, estão mantidas. "A Administração Superior está atenta e em contato com as autoridades de segurança do Distrito Federal", diz nota da instituição.
Escolas particulares da capital federal também anunciaram medidas novas para evitar possíveis ataques. O Le Petit Galois, por exemplo, estabeleceu que todos os visitantes só poderão entrar na escola se estiverem acompanhadas por um funcionário. Já o Leonardo da Vinci determinou que a entrada e a saída da escola será exclusiva para estudantes: pais e responsáveis só terão acesso com hora marcada.
"Diante das últimas ameaças que têm sido divulgadas nas redes sociais, esclarecemos que legalmente não podemos ter guardas armados dentro da escola, nem detector de metal e nem tampouco realizar revista dos pertences, como questionado e sugerido por algumas famílias. No entanto, isso não nos exime da responsabilidade para com a segurança de nossa comunidade educativa, respeitando todos os limites legais envolvidos", diz texto divulgado pelo Leonardo da Vinci aos pais. Em contrapartida, o colégio solicitou maior presença da patrulha escolar ao longo do dia em todas as unidades.
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino (PSB), anunciou na semana passada a liberação de R$ 150 milhões para o fortalecimento de rondas policiais escolares. O governo federal também tem pressionado empresas de tecnologia e redes sociais para monitorar e bloquear perfis que incitem ataques em escolas. Apenas nos últimos sábado e domingo, 8 e 9, a equipe do ministério rastreou 511 perfis do Twitter que faziam algum tipo de apologia a violência e discurso de ódio. Uma das tendências observada foi a criação de contas seriadas que traziam nomes e fotos de autores de ataques conhecidos.
Para Dino, tem faltado "proporcionalidade entre a reação das plataformas e a gravidade dessa autêntica epidemia de violência que ataca as nossas escolas". "Não basta uma posição reativa ou meramente passiva em relação às nossas solicitações", afirmou o ministro.