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Escolas estimulam contato de alunos com a natureza

Com alunos cada vez mais acostumados com as telas dos computadores, o parquinho dos condomínios e a comida pronta dos supermercados, colégios particulares de São Paulo estão investindo em estratégias para que as crianças conheçam e tenham mais contato com a natureza. Ao perceberem que o afastamento do mundo natural poderia prejudicar a curiosidade, a capacidade de observação e a interação das crianças, colégios montaram minizoológicos e hortas, além de promover passeios a parques da cidade.

No Colégio Franciscano Pio XII, no Morumbi, as crianças têm um rancho com 90 animais, como araras, cabras, bodes, jabutis, pôneis, galinhas, pavões e até jiboias. “Como muitas crianças moram em apartamento e têm pouco contato com animais, o rancho é um local muito atrativo. Usamos até para ajudar na adaptação daqueles que acabaram de entrar na escola”, conta a coordenadora Paula Neves Fava Bon.

Além de abordar disciplinas como Matemática, Biologia, Português e Inglês nesse espaço, a escola também percebeu que as crianças desenvolviam habilidades como afeto, curiosidade e responsabilidade com os animais, o que reflete em maior independência. “Como têm pouco contato com os animais, no começo elas ficam com medo do som, como o das araras. Depois, elas mesmas ficam mais curiosas, atentas e querem se aproximar para descobrir mais sobre os bichos.”

O colégio também mantém uma horta, com frutas, verduras e legumes, que são plantados e colhidos pelos próprios alunos. Depois, usando a produção, eles ajudam a preparar receitas. Segundo Paula, a horta faz com que as crianças experimentem novos alimentos e desenvolvam paciência. “Eles estão acostumados com respostas rápidas. Essa geração nasceu mexendo em celulares, tablets e querem respostas na ponta dos dedos, mas com a plantação não é assim. É importante que tenham essa noção.”

Na Escola Internacional de Alphaville, em Barueri, as crianças também interagem com os animais em um minizoológico. “A natureza está tão distante deles que muitos não têm noção da dimensão e do formato dos animais. Alguns se assustam ao ver que a vaca é grande, porque a conhecem apenas dos desenhos ou jogos”, diz Jacqueline Cappellano, coordenadora do colégio.

A escola também tem um projeto para que as crianças conheçam as frutas como elas são na natureza. A ideia surgiu com a constatação de que muitas não conheciam o formato original das frutas, pois achavam que elas nasciam em cubinhos e descascadas, como são vendidas no supermercado.

Areia e asfalto

No Colégio Lourenço Castanho, em Moema, também há animais dentro da escola e os alunos participam de passeios a parques e praças da região, onde têm a possibilidade de brincar descalças na grama, subir em árvores, observar os pássaros e até mesmo andar na rua.

“A gente percebe que muitas crianças repudiam colocar o pé na areia ou têm medo de andar na rua e, por isso, ficam muito perto dos adultos. Mas é uma questão de costume, rapidamente elas fazem descobertas e se impressionam com a liberdade que a natureza proporciona, como poder subir em árvores”, diz Vivian Alboz, coordenadora do colégio.

Segundo Vivian, além da falta de tempo, muitos pais evitam que os filhos brinquem com liberdade ao ar livre por excesso de proteção. “Como as crianças ficam muito tempo na escola, vemos que colocá-las em contato com a natureza é parte da nossa obrigação. Mas é importante que isso também aconteça e seja incentivado no ambiente familiar”, afirma.

Projeto

Nesta semana, o Instituto Alana lançou o projeto Criança e Natureza para conscientizar pais, escolas e a sociedade sobre a importância desse contato na infância. “Nosso estilo de vida impacta diretamente nas crianças e isso é muito preocupante porque a falta de contato com a natureza está ligada ao aumento de casos de obesidade, sedentarismo, hiperatividade e depressão”, diz Laís Fleury, diretora do projeto.

A pesquisa Valor do Brincar Livre, feita neste ano por OMO em dez países, incluindo o Brasil, com mais de 12 mil pais, mostrou que 48% das crianças brasileiras brincam menos de uma hora por dia ao ar livre. Os pais alegaram falta de tempo, de ambientes seguros e o clima.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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