Economia

Escritório dos EUA compra RoccoVidal

As aquisições internacionais chegaram aos escritórios de arquitetura: ontem, o americano Perkins+Will anunciou a compra do brasileiro Rocco Vidal, com o qual já mantinha uma parceria estratégia havia três anos. A compra faz parte da estratégia de expansão global da empresa americana, que já tem unidades na China e na Inglaterra. O valor da aquisição não foi revelado.

De acordo com fontes de mercado, a compra não é o único indício do interesse de escritórios de arquitetura globais pelos negócios no Brasil. O jornal O Estado de S. Paulo apurou que a tendência é forte especialmente na área de projetos de escritórios corporativos. Entre as empresas globais de arquitetura que já têm alguma presença no Brasil – por meio de parcerias locais ou filiais próprias -, estão a Gensler, a HOK e a Arquitectonica.

O Perkins+Will, que vai manter Fernando Vidal no comando da operação local, afirma estar ciente de que está chegando ao País em um momento em que o mercado imobiliário vive uma crise, especialmente no setor de escritórios corporativos, um de seus principais segmentos de atuação.

Segundo dados da consultoria Cushman & Wakefield, 19,6% da oferta de edifícios corporativos do Rio de Janeiro estava desocupada no segundo trimestre, uma alta de 1,8 ponto porcentual em relação ao patamar registrado entre janeiro e março. Em São Paulo, a taxa de vacância é ainda maior e girou em torno de 24% durante todo o primeiro semestre. Novas entregas prometem pressionar ainda mais este mercado até o fim de 2015.

De acordo com Richard Marshall, líder de estratégia global do escritório americano, a visão da empresa é de longo prazo e os ciclos de alta e baixa do setor são comuns. Ele diz que o Perkins+Will já passou por vários períodos como este desde que foi fundado, em 1935. Entre os clientes do escritório ao redor do mundo destacam-se o banco Merrill Lynch, a marca de luxo Louis Vuitton, a gigante francesa dos cosméticos LOréal e a bandeira de hotéis Hyatt.

O RoccoVidal tem tradição no atendimento de clientes corporativos no País. Entre as companhias às quais o escritório prestou serviços estão a fabricante italiana de pneus Pirelli, o banco BTG e a empresa de bens de consumo Hypermarcas. No segmento residencial, a empresa criou conceito dos edifícios Max Haus, por exemplo.

Embora a construção de novos edifícios corporativos tenda a ser freada pela crise – a projeção atual para este ano é que o Produto Interno Bruto (PIB) tenha retração de mais de 2% -, as próprias dificuldades acabam criando novos nichos.

Parte das novas torres – consideradas mais adequadas para instalações de grandes empresas – está acelerando os trabalhos de arquitetura para atrair grandes companhias que estão intaladas em prédios mais antigos. Hoje, pode ficar mais barato para as empresas se mudarem para edifícios mais novos e luxuosos do que ficar onde estão.

A empresa americana de móveis corporativos Steelcase está entre as empresas que tentam se aproveitar dessa “dança das cadeiras”. “Um prédio A hoje consegue atrair o cliente de um edifício B ao oferecer um espaço mais moderno por um preço menor. Isso obriga o prédio B a fazer algo para não ficar vazio por muito tempo”, diz Flávio Batel, diretor de vendas da companhia no Brasil. Segundo ele, as vendas da Steelcase subiram 19% no primeiro semestre de 2015, na comparação com o mesmo período do ano passado.

Novos setores

Para não ficar muito dependente deste mercado, a Perkins+Will vai tentar ganhar espaço nos mercados de saúde e educação, nos quais já é forte nos Estados Unidos. Na avaliação da empresa, os investimentos nessas áreas também são mais resilientes em épocas de crise. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Posso ajudar?