O que pode dar errado quando um petista e um tucano vão a uma sessão não da Assembleia, mas de cinema assistir a um filme sobre a Operação Lava Jato? Apesar do embate entre as siglas, os deputados estaduais José Américo (PT) e Marco Vinholi (PSDB) aceitaram o convite do Estado para assistirem ao filme Polícia Federal: A lei é para todos.
Sentados lado a lado, eles trocaram ideias tranquilamente durante os trailers. “Estão falando em uma continuação. Duvido! Acho que vai ser um fracasso de público”, disse Américo ao perceber que a sala não estava lotada. Vinholi, que chegou a estudar Cinema por um período, afirmou que estava “curioso para ver a abordagem do diretor”.
Sobre a polêmica que ronda o filme – quem são seus financiadores? – os dois concordaram que a não divulgação da identidade de quem investiu “grana” no longa pode dar margem a suspeitas. “O filme tem muitas cenas de estúdio, o que não justifica o custo de R$ 16 milhões”, falou o petista.
Lula. Durante a sessão, Américo foi pontuando o que chamou de “incongruências”. “A PF não tem agente? São os delegados que dirigem os carros durante as ações.” Incomodou também a reação do “Lula do filme” durante a condução coercitiva.
No filme, o ex-presidente pergunta sobre o agente Newton Ishii, conhecido como “japonês da Federal”, e diz que ele é um ladrão. “A imprensa toda deu que, na ocasião, o Lula fez uma piada sobre o japonês da Federal. Não é da personalidade do Lula chamar alguém de ladrão”. Para Américo, o Lula interpretado pelo ator Ary Fontoura não seria eleito “nem vereador no interior”.
Vinholi chamou atenção para a participação discreta do juiz Sérgio Moro, interpretado pelo ator Marcelo Serrado. “O diretor preferiu focar na PF”, afirmou.
Para Américo, o longa é “propaganda institucional da PF, uma peça tendenciosa que só visa a atacar o PT e o Lula”. O petista achou “ruim e raso”. “O (Eduardo) Cunha quase não é citado.”
Vinholi ponderou que o filme cumpre o papel de retratar parte da Lava Jato e disse “que deve encontrar ressonância no público”. Ele também considerou natural que o foco seja o PT. “Normal, era o partido que estava no poder quando tudo começou.” No final, o filme foi aplaudido pela plateia.