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ESPAÇO AAPAH – Conhecendo a região do Água Azul

Com ônibus lotado, a última caminhada histórica promovida pela Associação de Amigos do Patrimônio e Arquivo Histórico – AAPAH, foi mais um grande sucesso de público, a cada trajeto o número de participantes vêm aumentando consideravelmente, lembrando que todos os roteiros do Projeto “Redescobrindo Minha Cidade” são exclusivos e objetivam mostrar o potencial histórico, ambiental, arqueológico, turístico e cultural dos múltiplos espaços que compõe o munícipio de Guarulhos.
 
Dessa vez, os locais desbravados foram os bairros da Capelinha e Água Azul, especiais por fazer parte dos resquícios do bioma da Mata Atlântica e por proporcionar a cidade uma bela paisagem natural e nativa. A primeira parada foi na Capela Nosso Senhor do Bom Jesus, construída em 1942 e que hoje pertence a família Martello, proprietária de uma pedreira local, a Pau Pedra. Há relatos de que a capela foi erguida em cima de um cemitério.
 
O passeio continuou para o bairro do Água Azul, seguindo pelo principal ponto do dia a ser visitado, o Mirante do Nhangussu. Depois de uma longa caminhada em meio ao um solo argiloso e espécies nativas da Mata Atlântica, pudemos avistar sobre 942 metros de altitude, trechos exuberantes de uma Guarulhos que pouquíssimos conhecem. Na parte baixa do morro houve extração de minérios no período colonial, como ouro, e foram utilizadas variadas técnicas de garimpo. No século XVII, a literatura cronista de Pedro Taques sobre a Capitania de São Vicente, atribuiu a Geraldo Correia Sardinha a tutela de minerador oficial das minas guarulhenses e apontou os rios Baquirivu-Guaçu e Ribeirão Tomé Gonçalves no Água Azul, uma fonte rica de extração. Trabalhos arqueológicos da equipe do Geoparque Ciclo do Ouro Guarulhos descobriram a construção de um aqueduto de pedra próximo ao Parque do Água Azul, isso indica que no período colonial se usou a força mecânica das águas para o garimpo nas minas, outro tipo peculiar de extração foi o ouro de ardósia, retirado abaixo de rochas argilosas, típicas da região.
 
Outro significativo pico econômico do bairro na primeira metade do século XX foi a indústria extrativista, o local tem a matéria-prima necessária para a produção de tijolos, fato que fomentou a formação de inúmeras olarias. Nesse processo, Guarulhos teve um papel essencial na mudança dos arquétipos da construção civil de São Paulo e arredores, a taipa de pilão e pau a pique cedeu espaço para a alvenaria.O passeio termina no lago artificialmente criado pela família Luftalla na década de 1940 para esse fim, responsáveis futuramente pela formação e loteamento do bairro, resumindo a água e o solo caracteristicamente argiloso teve importante papel econômico-social para o desenvolvimento local.
 
No dia 8 de dezembro, aniversário da cidade, faremos a última caminhada do ano no centro histórico e discutiremos a história colonial de Guarulhos e as teorias que explicam a fundação precoce da cidade, a sétima mais antiga do Brasil, abordaremos os aldeamentos jesuítas próximos à Igreja Matriz e Bonsucesso e a participação dos povos indígenas e escravos na composição da cidade, bem como as mudanças paisagísticas do centro velho até hoje. Fiquem atentos a página da AAPAH no Facebook e acompanhem toda nossa programação para o segundo semestre.
 
Historiadora, diretora financeira da AAPAH, coautora do livro “Signos e Significados em Guarulhos: identidade, urbanização e exclusão”.
 

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