Guarulhos é uma cidade privilegiada de acessos. Mantém ainda hoje divisa com várias cidades da região metropolitana, além de estar “conurbada” com a cidade de São Paulo, capital e centro econômico da cidade.
É também entrecortada por rodovias: Fernão Dias, Dutra e Ayrton Senna. Futuramente, receberá também o Rodoanel, “rasgando” parte de sua vegetação.
Esta situação remete ao passado de Guarulhos em que suas estradas e caminhos, devido as suas dimensões e importância, marcaram a constituição territorial da cidade. Servindo de passagem para São Paulo (Estrada Conceição), ou interligando São Paulo ao Rio de Janeiro (Estrada Geral), ou servindo as minas de ouro da cidade (Estada Catas Velhas), essas vias fortaleceram núcleos populacionais na cidade, interligando-os e constituindo redes de sociabilidades locais.
Por exemplo, a estrada Guarulhos – Nazaré. O conjunto das seis lavras de ouro que existiram em Guarulhos era acessado pelos ramais da Estrada Geral (Catas Velhas, Bairro das Lavras, Monjolo de Ferro, Campo dos Ouros, Bananal e Tanque Grande), entre a velha estrada para Nazaré. Ela começava atrás da antiga Igreja da Irmandade dos Irmãos Pretos de Nossa Senhora do Rosário da Freguesia de Nossa Senhora da Conceição dos Guarulhos, na atual Rua Dom Pedro II. Após a Base Aérea de Cumbica, para quem se deslocava no sentido centro-bairro, tinha que entrar à esquerda, atravessar a várzea do rio Baquirivu – Guaçu e alcançar o atual Jardim São João. Entre 1741 e 1748, foi chamada de “Caminho das Lavras Velhas” ou “das Catas Velhas”. Era a antiga Estrada para Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, Mairiporã e Nazaré Paulista. No início da construção do Aeroporto,em 1979, esse trecho deixou de existir.
Em 1975, o poder público procurou oficializar as estradas municipais, para enfim ter o maior controle. No documento de oficialização, foram citadas as existentes: “Estrada dos Pimentas”, “Estrada Bonsucesso-São Miguel”, “Estrada Velha de Bonsucesso”, “Estrada Guarulhos-Nazaré”, “Estrada Lavras”, “Estrada Tanque Grande”, “Estrada Bananal”, “Estrada Itaberaba”, a “Estrada Veigas”, a “Estrada Arujá”, a “Estrada Mato das Cobras”, a “Estrada do Cabuçu”, a “Estrada da Água Chata”, a “Estrada do Coronel”, a “Estrada das Três Cruzes”, a “Estrada da Cruz Preta”, a “Estrada do Moinho Velho”, a “Estrada da Várzea do Palácio”, a “Estrada da Cerâmica”, a “Estrada Recreio São Jorge, e a “Estrada Santa Emília”.
Suas nomenclaturas se constituem referenciais da expansão urbana da cidade, pois remetem a processos antigos de formação dos núcleos populacionais da cidade e são as mais antigas vias da cidade.
Historiador, responsável pelo Núcleo de Patrimônio Cultural da AAPAH, coautor dos livros “Cecap Guarulhos – Histórias, Identidades e Memórias” e “Guia Histórico Cultural de Logradouros – Lugares e Memórias de Guarulhos” e "Signos e Significados em Guarulhos: Identidade, Urbanização, Exclusão".