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ESPAÇO AAPAH – Houve extração de ouro em terras guarulhenses

a Associação Amigos do Patrimônio e Arquivo Histórico (AAPAH) realizou neste último sábado, dia 20 de agosto de 2016, mais uma caminhada histórica pela cidade de Guarulhos, o tour foi pelos vestígios da mineração, próximo ao Bairro das Lavras. Foi um roteiro inédito e com um público grande, somamos quarenta e seis curiosos, contemplando o ecoturismo, a arqueologia, história e biodiversidade da região.
 
É importante observar como a extração de minérios simples e nobres, como ouro e prata, está intimamente relacionada à mentalidade econômica do período colonial brasileiro, o que de certa forma destacam as regiões auríferas paulistas dentro desse cenário, incluindo Guarulhos. Historiadores e memorialistas defendem e afirmam que São Paulo precedeu Minas Gerais em aproximadamente um século na descoberta desses metais, sendo o atribuído a Afonso Sardinha, em 1580, o status de primeiro bandeirante a minerar ouro na região.
 
A Vila da Nossa Conceição dos Guarulhos, situada na antiga Capitania de São Vicente, tem como marco fundador dois aldeamentos jesuítas, o da Nossa Conceição dos Guarulhos, na região central, 1560 e o de São Miguel, próximo a região do Bonsucesso, 1580, o segundo ainda pertencia a vila paulistana. Guarulhos também plantava gêneros agrícolas para seu próprio consumo e era conectado por estradas abertas por índios e bandeirantes, o que lhe dava também importância estratégica. Sua vasta região era contornada por minas de ouro, em forma de lavra e, principalmente como ouro de lavagem, registros apontam que havia pelo menos seis pontos importantes de extração aurífera localizados entre os bairros Tanque Grande, Bananal, Lavras, chegando até Bonsucesso, já no Rio Baquirivu-Guaçu, era extraído o ouro de lavagem, o trabalho era feito por índios e escravos.
 
A caminhada aconteceu na Serra do Itaberaba, que significa pedra brilhante na língua indígena, de forma que o grupo pôde observar as variadas técnicas paulistas, muito rudimentares, de extração do ouro durante os séculos XVI e XVII, bem como o difícil acesso para esses pontos em que foi possível visualizar o trabalho humano, percorrendo trilhas e córregos que desembocam no Ribeirão das Lavras, um dos eixos de extração de Geraldo Correia Sardinha no século XVII, o guia Elton Soares, integrante do núcleo do Geoparque Ciclo de Ouro Guarulhos, identificou pedras de quartzo durante o trajeto, conhecidas como chamariz de ouro na época e explicou sobre o processo geológico erosivo de vulcanização da região, o que propiciou a formação mineral em Guarulhos.    
 
O próximo roteiro será em outubro para o Mirante do Nhangaçu, local em que também houve extração de minérios, outro passeio único e importante para a compreensão identitária da cidade. Se inscrevam pelo e-mail [email protected] ou telefone (11) 3380-7772 e acompanhem nossas programações e atividades pelas redes sociais.
 
 
Ellen Taís Santana é historiadora, diretora financeira da AAPAH, coautora do livro “Signos e Significados em Guarulhos: identidade, urbanização e exclusão”.  
 

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